terça-feira, junho 6, 2023
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Um veterinário no conservatório de música e o silêncio de Ursula Vidal perante o pragmatismo de Helder Barbalho

Distribuindo cargos para evangélicos, lulistas e bolsonaristas, Helder forma um governo Frankenstein, com retalhos de grupos políticos, e ignora os apelos da sociedade e da população, mantendo privilégios para velhas e novas raposas que circundam com fome e sede, as elites e o poder.

Nos bastidores políticos, em grupos de jornalistas e na rádio corredor da Fundação Carlos Gomes, corre um boato de que a decana do antigo Conservatório de Música Carlos Gomes, e atual superintendente da FCG, Glória Caputo, está para ser substituída por um veterinário, por indicação do deputado evangélico Martinho Carmona (MDB), que está no sétimo mandato na Alepa e integra a Igreja do Evangelho Quadrangular há 49 anos, da qual é pastor e vice-presidente do Conselho Estadual de Diretores (CED/IEQ).

A indicação teria sido aceita pelo governador Helder Barbalho (MDB), como forma de atender um pedido político do Martinho Carmona, ex-presidente da Alepa, que compõe a sua base de sustentação política para além das fronteiras partidárias.

Glória Caputo e deputado Chicão (MDB), um dos que aprovou e elogiou bastante a nomeação de Glória Caputo para a Fundação Carlos Gomes. Fará o mesmo pelo médico veterinário que, dizem, a substituirá na FCG?

Embora poucos falem aberta e publicamente, entre as cabeças pensantes do estado do Pará os comentários apontam todos para a constatação de que Helder Barbalho hoje é um poço de contradições e vive abrindo mão da promessa que fez de ter um segundo governo formado por quadros técnicos. Depois que tomou posse, cada nomeação que faz é apontada como forma de “pagar” o apoio recebido e costurado para sua reeleição, a qual obteve mais de 70% dos votos válidos, eliminando qualquer possibilidade de haver um segundo turno. O resultado foi que Helder ganhou destaque nacional por ter sido o governador mais bem votado no país, proporcionalmente falando.

Ocorre que a conta chega a todo instante e o governante é pressionado a adotar medidas que vão contra seu discurso.

Ao aceitar a subistituição de uma pessoa com vasta experiencia e know-how no setor musical e artístico paraense, por um nome de fora da área, apenas por ser apontado por uma velha liderança politica e evangélica, como o deputado Martinho Carmona, Helder mostrará que não se importa de ouvir os segmentos que interagem no dia-a-dia da execução das políticas públicas, tal como fazem os ditadores e políticos autoritários.

Por sua vez, a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal vem liderando um grupo de agentes políticos e acadêmicos em um fórum que propõe ações em defesa do protagonismo amazônida. Na verdade, a iniciativa visa acumular forças para reivindicar espaços (cargos) no governo federal, tal como Ursula tentou e não conseguiu ser nomeada diretora de uma pasta no Ministério da Cultura.

Além dos cargos pretendidos na esfera nacional, a cobiça também visa garantir espaços em reuniões e conferências nacionais e internacionais, onde além das passagens aéreas, os participantes convidados recebem o pagamento de diárias.

Em uma carta recentemente lançada em ambientes extremamente elitizados e distantes das entidades culturais populares e movimentos sociais, o tal Fórum declarou: “O grupo defende o protagonismo dos sujeitos amazônidas no pensar e agir sobre a Amazônia.”

Um leitor que lançou a provocação para publicamos esse artigo, nos perguntou de forma enfática: “Como é que essa nova panelinha da cultura, que antes, fora do governo, gritava em frente aos prédios da SECULT, em busca de mais participação e transparência nas decisões dos governos do PSDB, agora mete o rabo entre as pernas e se cala diante das investidas do atual governo estadual e quer dar lição de moral em busca de pensar e agir sobre a Amazônia, se aqui age como bajuladores das oligarquias locais?

Leia também: Com 4 derrotas e 6 filiações, Ursula Vidal é mantida no governo Helder

HISTÓRICO

O estranho é que Glória Caputo foi nomeada por Helder Barbalho, em 2019, tendo sido bastante aplaudida por vários deputados, em sessão especial na Alepa, que fez sua arguição, em agosto daquele ano. Os parlamentares elogiaram a competência e o trabalho desenvolvido pela professora ao longo da vida. O deputado Chicão, hoje presidente da Assembleia Legislativa, destacou, na ocasião, que “a professora Glória Caputo é uma referência na área da Cultura do Pará, e o poder legislativo reconheceu e aprovou a indicação dela para ser a gestora da Fundação Carlos Gomes”. (fonte: site da Alepa)

Maria da Glória Boulhosa Caputo entrou aos 6 anos no então conservatório Carlos Gomes, estudou música, foi professora, diretora, e agora é a superintendente da fundação, onde já desenvolveu vários projetos e formou centenas de músicos. A professora Glória Caputo também estendeu os benefícios da música para as comunidades carentes da região metropolitana e para cidades e vilas no interior do estado, com a criação de bandas musicais e na descoberta de grandes talentos. A professora Glória destaca o trabalho desenvolvido pela Fundação Amazônica de Música em Santa Cruz do Arari, na região do Marajó, considerada uma escola profissionalizante, da qual vários alunos já foram encaminhados para estudar música nas universidades. A Fundação Amazônica de Música foi criada por Glória Caputo e mantém projetos como o Vale Música.

Servidores da FCG, professores, alunos e artistas paraenses foram signatários de uma Carta de Apoio à Nomeação da Professora Glória Caputo para a Superintendência da Fundação Carlos Gomes, encaminhada ao governador Helder Barbalho, no início do seu primeiro mandato. A carta, cuja íntegra publicamos abaixo, faz referências aos méritos e à capacidade da professora, adquirida em décadas de estudos:

Exmo. Sr. Governador Eleito do Estado do Pará
Helder Barbalho

Nós, servidores, corpo docente e discente do Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG), da Fundação Carlos Gomes (FCG) e demais membros da sociedade civil em seus diversos segmentos, em especial a classe artística musical, temos a honra de nos dirigir a Vossa Excelência a fim de trazer a vosso conhecimento, nosso total apoio à nomeação para a Superintendência da Fundação Carlos Gomes da ilustríssima Professora Maria da Glória Boulhosa Caputo, que por sua expertise, e unanimidade entre os músicos paraenses, é merecedora desse reconhecimento público.

Por essa razão, solicitamos seu apoio em caráter institucional para que a professora Glória Caputo, referência nacional como educadora musical e responsável pela formação de gerações de músicos no estado do Pará, seja reconhecida por seus méritos técnicos, profissionais e inovadores para o cargo que ora pleiteamos.

Glória Caputo, música, professora e gestora por diversos mandatos em órgãos públicos ligados à música possui excelência e responsabilidade para o cargo que ora solicitamos, foi responsável pela criação da Fundação Carlos Gomes e, acreditamos que seu retorno a esta casa, vai assegurar a valorização do talento musical de nossa população e dar-se-á continuidade a um pioneiro e promissor projeto de educação musical para todo o estado, valorizando esse rico celeiro musical amazônico.

O Instituto Estadual Carlos Gomes é o segundo Conservatório mais antigo do país, e por se tratar de uma escola monumento, gostaríamos de preservar este patrimônio, colocando-o nas mãos de quem acreditamos ser no Pará, a pessoa de maior competência para administrar esta instituição, por sua vasta experiência administrativa, sua enorme sensibilidade artística e principalmente, seu humanismo.

Por fim, conclamamos, ao futuro Senhor Governador do Pará, a nomeação desta mestra que tem em sua vida pública um reconhecimento de toda a comunidade musical, uma indicação direta de todos nós, professores e ex-professores, funcionários técnico-administrativos e estudantes, deste que é um dos melhores e mais antigos Conservatórios de Música do Brasil.

Agradecemos vossa atenção e presteza, e oferecemos nossos votos da mais elevada estima e consideração.

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