Por Val André Mutran, na coluna Direto de Brasília, do blog do Zé Dudu
A semana em Brasília foi marcada pelo lançamento, no Palácio do Planalto, na terça-feira (3), do programa do governo federal “Abrace o Marajó”. Idealizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, levando em consideração as especificidades dos 16 municípios que compõe o Arquipélago do Marajó, o programa federal foi turbinado pelo Governo do Pará, que dobrou a aposta e isentou em 100% de impostos estaduais as empresas que lá resolverem se instalar.
Zona Franca do Marajó
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que encomendou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, estudos para conceder incentivos fiscais a fim de estimular a instalação de novos negócios na Ilha de Marajó, no Pará. Seria algo como uma Zona Franca do Marajó. Leia matéria completa que publicamos aqui.
Unidos contra o Marajó I
Mesmo após duas semanas do Carnaval, a Bancada do Amazonas fundou na terça-feira (3), logo após o anúncio da pretensão do presidente Jair Bolsonaro de criar a Zona Franca do Marajó, o “Bloco Unidos Contra o Marajó”. Foi uma reação de deputados e senadores amazonenses contra a proposta. Eles literalmente “detonaram” a idea.
Unidos contra o Marajó II
Num arremedo que mais pareceu a reencarnação do espírito de “Galvez – O Imperador do Acre”, obra ficcional do escritor, jornalista, dramaturgo, editor, roteirista e romancista amazonense Márcio Souza, o senador Omar Aziz (PSD-AM), aos berros, bradou, provavelmente para se mostrar, tal qual fosse o imperador do Brasil, a sentença de morte da proposta: “Não vou permitir. Enquanto eu for presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, nenhuma votação de proposta de criação de zona franca em qualquer parte do Brasil vai acontecer”, desafiou.
Unidos contra o Marajó III
Pelo teor das declarações dos membros do “Bloco Unidos Contra o Marajó”, a bancada paraense precisa dizer o que acha das declarações de seus colegas do Amazonas. Na mesma linha do senador Aziz, o vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, senador Plínio Valério (PSDB-AM), chamou a proposta de Bolsonaro de “a mãe de todas as incoerências possíveis”. Para ele, o presidente cala quando, deliberadamente, o ministro Paulo Guedes bombardeia a Zona Franca de Manaus “que é um modelo de sucesso” e incentiva a criação de uma nova zona franca no Marajó, que pode dar certo ou não.
Unidos Contra o Marajó IV
Já para deputado petista José Ricardo, a proposta tem dificuldades. “Na prática, esse governo é contra a política de incentivos fiscais. É contra a Zona Franca de Manaus (ZFM). Por que seria a favor da Zona Franca do Marajó?”, debochou.
Unidos contra o Marajó V
O petista disse ainda que “o governo federal não tem projeto para desenvolver verdadeiramente a região Norte. Por isso, a bancada parlamentar, o Governo do Amazonas, empresários e trabalhadores precisam continuar lutando pela Zona Franca de Manaus, que o presidente ameaça todos os dias com as medidas de redução de alíquota, inviabilizando setores da economia”, criticou.
Unidos Contra o Marajó VI
O deputado Marcelo Ramos disse que não vê chance de o ministro Paulo Guedes apoiar a criação de uma nova zona franca no Brasil. “Seria completamente contra a política dele. Além do mais, seria muito difícil uma proposta dessas passar na Câmara dos Deputados. Portanto, considero mais uma palavra do presidente para agradar setores do Pará, do que um compromisso efetivo”, disse o parlamentar.
Unidos contra o Marajó VII
Para o presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, da Câmara dos Deputados, Bosco Saraiva (SD-AM), a criação da zona franca do Marajó é só mais um arroubo do presidente Bolsonaro.
Unidos Contra o Marajó VIII
A reação mais enérgica a ideia da criação da ZF do Marajó foi do deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) que classificou a proposta como “estupidez”. “É um ato de estupidez, será que eles têm noção da besteira que estão propondo? Tenho reiteradamente alertado aqui na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) que alguns deputados federais do Amazonas insistem numa proposta maluca de ampliar os limites da ZFM e já expliquei 200 vezes porque que isso é inviável. E uma das razões é que isso despertaria o interesse de outros Estados que também são pobres e que também querem uma zona franca. Eu espero que o bom senso prevaleça e que isso não venha a acontecer, porque, se vier a acontecer, é melhor pegar a chave da Suframa e entregar para o ministro Paulo Guedes”, disse.
Unidos contra o Marajó IX
Toda a bancada se dizia perplexa e não só a classe política manauara criticou a intenção do presidente da República. Empresários atacaram a declaração de Bolsonaro no lançamento do programa “Abrace o Marajó”. O representante da Federação e Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam/Cieam), em Brasília, Saleh Hamdeh, disse que, ao anunciar estudos para criação da zona franca do Marajó, o presidente da República reforça, comprova e atesta que incentivos fiscais são imprescindíveis para o desenvolvimento regional e o combate à pobreza”, puxando a “sardinha para o Amazonas”, claro.
Unidos contra o Marajó X
Esqueceram de dizer, porém, os mascarados amazonenses integrantes do bloco, que a Zona Franca de Manaus, quando à mercê deles, empregava seus asessores com salários altíssimos para afundarem a ZFM, que criou novo fôlego no Governo Bolsonaro, com a nomeção do coronel Alfredo Alexandre Menezes Júnior, da reserva do Exército, a cabeça do qual já pediram várias vezes, porque ele acabou com as mamatas.
Unidos contra o Marajó XI
Logo de cara Menezes demitiu dezenas de “funcionários”, indicados politicamente para altos cargos, que nem sequer pisavam na ZFM. Havia diretor com salário de R$ 23 mil cuja principal ocupação era atualizar a fanpage da mulher do senador que o indicou. Hoje a Zona Franca de Manaus voltou a crescer, já fabrica eferográficas e, em breve vai produzir celulares. Não montar, fabricar mesmo!
Bancada do Pará
Como o fechamento da Coluna é quinta-feira, não conseguimos ouvir deputados e senadores do Pará que, de acordo com as assessorias, estavam em trânsito, mas este Colunista vai ouvir ao longo da semana que vem os membros da Bancada do Pará sobre as declarações dos colegas do Amazonas sobre a possível criação da Zona Franca do Marajó.