Ano que vem tem Copa América de novo. E o Campeonato Brasileiro, dessa vez, não será interrompido. Os clubes que se virem
Você aí que critica o nível ruim do futebol brasileiro, saiba que no ano que vem deverá ser ainda pior. Duvida? Acredita na CBF? Pois vá acreditando. No início desta semana, o comando da entidade anunciou que em 2020 o Campeonato Brasileiro não será paralisado para a Copa América, como ocorreu agora em 2019. Ponto para o retrocesso.
Copa América de novo? Sim. A 47ª edição da competição, de 12 de junho a 12 de julho, na Argentina e na Colômbia, será para ajustar o calendário da Confederação Sul-Americana ao da Uefa. Ou seja, ano de Eurocopa passará a ser também ano de Copa América. Mas a CBF já mandou o aviso: os clubes que se virem sem seus jogadores convocados. Como se já não se virassem.
O maior problema nem é a Seleção Brasileira, mas as dos outros países do continente, que desfalcam tanto ou mais os clubes daqui. Só para citar um exemplo, o Flamengo, em seus primeiros dias de Jorge Jesus, não conta com o peruano Trauco, o colombiano Cuellar e o uruguaio De Arrascaeta.
Há menos de duas semanas, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, cujo sorriso lembra o do Coringa, disse ao Bem Amigos!, da Sportv, que os clubes andam satisfeitos com a administração do futebol brasileiro, razão pela qual não há necessidade de constituírem uma Liga. Cara de pau. Subservientes, dependentes das cotas por participação nas deficitárias competições, eles preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Em vez de pedir ajuda ao Robin, submetem-se ao jugo do Coringa. Desunidos, maus gestores na maioria, não pensam no futebol em si. Mas no ano que vem virão com chiadeira ao ver seus clubes desfalcados em pleno Brasileiro.
Aliás, por falar em futebol, no jogo jogado, Messi andou criticando os gramados da Copa América. Não perdoou nenhum: Fonte Nova, Mineirão, Arena Grêmio… Na condição de melhor jogador do mundo, não há motivo para duvidar do argentino, mesmo que sua seleção só decepcione. Basta lembrar que ela decepciona em gramado bom também, como na Copa da Rússia no ano passado. Portanto, não tem cara de desculpa esfarrapada. Ponto para o retrocesso.
A quem caberia exigir gramados decentes, em que a bola role sem quicar? Seria função da mesma CBF que parece não enxergar o que todo mundo viu no ainda corrente Mundial Feminino: a Seleção Brasileira é mal treinada e dirigida, uma sucessão de contusões a exibir a ineficiência da comissão técnica e do comando, à frente do qual ironicamente está um médico, Marco Aurélio Cunha. Ponto para o retrocesso.
Outro drama tem sido levar gente aos estádios na atual Copa América. A Conmebol fixou os preços dos ingressos nas alturas, seguindo “estudos” da CBF, segundo revelou Caboclo ao Bem Amigos!. Que estudos são esses que não levou em conta a crise econômica, a falta de emprego? O desprezo ao torcedor não é exclusividade brasileiro, mas sul-americano. E tome mais Copa América já no ano vem. Ponto para o retrocesso.
Com a mesmice no futebol feminino, o calendário estrangulado no masculino, os preços exorbitantes dos ingressos – sem contar a crise geral e a imagem tenebrosa do país no exterior, com o conluio cada vez mais claro e indesculpável entre juiz e procuradores na Vaza Jato e avião presidencial pousando em Sevilha carregando 39 quilos de cocaína –, o que esperar então da temporada de 2020 no Brasil? Assim nem o Batman dá jeito.
Sob o título: Santa dificuldade, Batman! Por Claudio Arreguy, via Ultrajano
