Faltando poucas horas para o fim do prazo final de registro das candidaturas que concorrerão aos cargos de governador e senador, o partido Solidariedade – no qual o ex-governador Simão Jatene se filiou, depois de décadas ligado ao PSDB – ainda não inscreveu o respectivos candidatos, assimo como vice-governador e suplentes de senador que disputarão as eleições deste ano.
A indefinição levou muita gente a crer que algo de muito estranho ocorreu nas entranhas do partido, deste o último sábado, quando um dirigente do alto escalão do Solidariedade fez contato com o portal diogenesbrandao.com e informou que o mesmo seria oficializado como candidato a senador nas eleições de outubro. A matéria repercutiu nos quatro cantos do Pará, fazendo com que o nosso portal de notícias venha batendo recorde de acessos por minuto.
Leia também: Exclusivo: A volta de Simão Jatene
Já nesta segunda-feira, após todo o reboliço nos bastidores da política paraense, em uma conversa tida por telefone com um blogueiro, o ex-governador Simão Jatene teria negado a informação do intento de sua candidatura. Ainda nesta segunda, 15, o dirigente do Solidariedade, que nos comunicou o plano de Jatene, voltou a reiterá-lo.
Alguns jornalistas bem que tentaram colocar uma pedra em cima do assunto, mas o certo é que Jatene quis sim achar meios de disputar as eleições de 2022, mas recuou.
Procurado para se explicar, Jatene e os dirigentes do Solidariedade vêm evitando atender nossas ligações e responder nossas mensagens.
Leia também: A estrondosa chegada de Jatene nas eleições 2022

Agora, diante de pouco menos de três horas para o término do prazo para a oficialização das candidaturas, o Divulgacan, site oficial do Tribunal Superior Eleitoral não consta com os nomes dos candidatos ao senado e nem ao governo do Solidariedade, conforme pode ser comprovado com os prints feitos no portal da justiça eleitoral:


Major Marcony, que é presidente e candidato ao governo do Solidariedade, teve tempo suficiente para fazer a inscrição, de pelo menos, a sua candidatura através do portal. Agora, nos últimos momentos para fazê-lo, só poderá inscrever as candidaturas majoritárias, de forma presencial, no protocoloco do TRE-PA, até às 19h desta segunda-feira (15), tal como prevê a legislação eleitoral.
Helder Barbalho lançou sua candidatura no dia 5),
Como diziam os estudantes da UFPA, na década de 90: Algo muito errado, não está certo.
Jatene está inelegível até o dia 04 de Outubro, dois dias depois do primeiro turno das eleições.
Segundo consultas realizadas pelo portal diogenesbrandao.com, as chances de recorrer à justiça para ter o direito de concorrer às eleições e se levasse para o segundo turno, teria deixado Jatene com a esperança de ser de fato candidato e o fez confirmar para a direção estadual do Solidariedade de que de fato estava propenso a sair candidato, caso a estratégia de manter a decisão em silêncio fosse mantida em segredo, assegurando assim a devida discrição para evitar a óbvia reação de seus adversários.
No entanto, ao vazar a estratégia para o portal diogenesbrandao.com, a direção estadual do partido Solidariedade rompeu o acordo de manter o silêncio necessário para um suposto sucesso da empreitada jurídica, o que levou Jatene a desistir da aventura eleitoral este ano, passando a negar seu intento.
Agora é aguardar sua desfiliação do Solidariedade e arrumar outro partido, onde conte com o silêncio quanto às estratégias, o que difere os profissionais dos amadores na política.
VAZAMENTO ESTRAGOU TUDO
Muitos incrédulos e alguns ingênuos passaram a questionar a possibilidade de Jatene se lançar candidato nas eleições deste ano, não só pela falta de um grupo político, quanto por sua condenação pelo TSE, quanto pela reprovação de suas contas na ALEPA. Até antigos aliados chegaram zombar da possibilidade de sua candidatura, mas ela foi de fato confirmada em reunião com a cúpula estadual do Solidariedade. Logo depois, com a repercussão da matéria do nosso portal, Jatene recuou e reclamou pelo vazamento.
PRAZO PARA SUBSTITUIÇÃO VAI ATÉ 20 DIAS ANTES DAS ELEIÇÕES
Apesar da maioria dos jornalistas, bem como do senso comum desconhecer alguns prazos para substituição dos candidatos, a estratégia de Jatene não era tão tola, como parece ser. É que pela lei eleitoral, as candidaturas majoritárias podem ser substituídas até 20 dias antes das eleições.
A ESTRATÉGIA DA SUBSTITUIÇÃO
Um exemplo do uso desta estratégia, observando os prazos eleitorais pode ser conferido no registro da candidatura do candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018, quando Lula foi inscrito como candidato e substituído por Fernando Haddad faltando 26 dias para as eleições daquele ano.
Jatene idealizou a mesma estratégia. Só não se sabe se queria mesmo disputar ao senado, ou meteria a cara para enfrentar novamente Helder Barbalho, na disputa pelo governo. Seja o que for que tenha passado pela cabeça do ex-governador, sua candidatura este ano sofreu um recúo, em definitivo. Poucos compreenderam ou souberam da inteligente estratégia, que até então foi negada pelos canais oficial do próprio Simão Jatene e, pelo visto, nem será.
SEGUE O ENTERRO
Simão Jatene agora pensa em se lançar candidato a prefeito de Belém em 2022. Pode ser que o faça em outro partido, ou se manter no Solidariedade e lá disputar a eleição municipal, diante de um gestor desgastado em seu terceiro mandato como prefeito, o psolista Edmilson Rodrigues (PSOL), que acumula uma rejeição altíssima e só consegue governar por ter apoio do governador de Helder Barbalho, que mantém os vereadores de partidos de sua base eleitoral, ainda em clima de paz com o psolista. Ainda..
Eleito prefeito em 2024, em 2026, Jatene já poderá vir candidato ao governo, como fez por três vezes, como lembrou Orly Bezerra, na manhã desta segunda-feira (15), em um grupo de jornalistas: “Jatene só disputou três eleições em toda a sua carreira política. Todas pra governador do Pará. Venceu as três. Duas contra o PT, Maria do Carmo (2002) e Ana Júlia (2010), e uma terceira contra o Helder Barbalho, do MDB, em 2014“.
Orly foi o profissional autodidata, que historicamente coordenou o marketing eleitoral do PSDB no Pará.
Leia também:
O silêncio de Simão Jatene, a repercussão de sua candidatura e o “caso Iran Lima”