sexta-feira, junho 9, 2023
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Sem reforma e só com aulas remotas, escola Hilda Vieira é o retrato do abandono da educação pública no Pará

Mães, professores e alunos estão indignados pela falta de condições sanitárias para que voltem as aulas presenciais no prédio alugado no conjunto Euclides Figueiredo, onde hoje funciona a escola estadual Hilda Vieira, de ensino fundamental e médio, enquanto deveria ocorrer a reforma do prédio original, no conjunto Médici, em Belém. Mas a obra não tem previsão de início. No novo local, as salas são abafadas e quentes, pois não têm janelas ou aberturas para ventilação.

A escola Hilda Vieira é uma unidade de ensino fundamental e médio, mantida pelo Estado (Seduc), localizada originalmente no conjunto Médici e que, depois de cerca de 30 anos sem reforma e o prédio apresentar falhas estruturais, que comprometeram a segurança da comunidade escolar, foi transferida para um prédio alugado pela SEDUC, no conjunto Euclides Figueiredo, no bairro da Marambaia.

Mães de alunos, estudantes, professores, equipe técnica e todos que frequentam o local relatam que, apesar do novo prédio ser vistoso e aparentemente seguro, as salas são abafadas, sem circulação de ar, nem mesmo aberturas ou janelas.

A redação do diogenesbrandao.com esteve no prédio onde funciona (?) de forma provisória, a escola Hilda Vieira, em uma reunião realizada na última segunda-feira (24). Lá, testemunhamos o descaso e o desabafo, a indiganação e o apelo de estudantes, pais de alunos, professores e demais funcionários que estão sendo obrigado a trabalhar em um ambiente totalmente inapropriado.

O local era a sede de uma empresa de segurança, e assemelha-se a um depósito de material bélico, talvez por necessidade de preservar o patrimônio e evitar roubos de armamentos utilizados pela firma. Com isso, ainda que cheguem os ventiladores prometidos pela Seduc, as salas continuarão abafadas e quentes.

Em períodos com surtos de síndromes gripais, como as que têm acontecido com frequência em Belém, incluindo as novas cepas da covid-19, o ambiente se torna insalubre e altamente propício para a disseminação de doenças respiratórias, além do insuportável calor e do ar viciado dentro das salas, em que há mais gás carbônico do que oxigênio. Professores também reclamam das condições inadequadas e dos riscos à saúde de alunos e educadores, enquanto aguardam que a Seduc tome providências.

Em sua página do Facebook, a direção da Hilda Vieira informa que “a situação da escola está sendo resolvida pela Seduc. Os ventiladores já chegaram na escola…”, porém mães de alunos continuam apreensivas e dizem que ventilador não resolve nada, e até piora a situação, pois apenas fará circular ar quente e viciado nos ambientes fechados e abafados.

A direção da escola, ainda na publicação feita no Facebook, em 7 de março, informa que foi solicitada e eles estão aguardando uma inspeção do Corpo de Bombeiros, que deverá atestar formalmente o que eles consideram óbvio: “a imperiosa necessidade de instalação de centrais de ar condicionado”.

Perspectiva: salas arejadas e climatizadas. Realidade: salas sem janelas, sem climatização, quentes e abafadas.

Com base no laudo dos Bombeiros, a Seduc poderia decidir fazer a aquisição e instalação desses equipamentos, que além de proporcionar ambiente agradável e saudável, permitirá, enfim, o retorno às aulas presenciais, num processo de ensino aprendizagem em condições satisfatórias.

A foto da entrada da escola Hilda Vieira deixa ex-alunos, professores e pais de estudantes estarecidos pelo abandono que a unidade educacional se encontra.
O muro lateral da escola já não impede a entrada de usuários de drogas e serve até como esconderijo de meliantes.
Muito mato e um espaço de lazer e práticas esportivas que a comunidade escolar perde por uma obra que se arrasta.

Em 22 de setembro de 2021, o Sintepp publicou no site da entidade uma nota sobre o descaso da escola Hilda Vieira, quando a sede ainda era no conjunto Médici:

A comissão reunida com a SEDUC nos informou que a Secretaria se comprometeu em encaminhar a reforma e que, por isso, o prédio atual será temporariamente fechado. Será alugado um espaço provisório para o remanejamento de discentes, que continuarão sendo atendidos remotamente.

Não há, porém, no momento um prazo para o início das obras. Logo, a mobilização da comunidade será mantida, no sentido de colaborar para a agilidade da reforma.

Educação de qualidade se faz com ambientes educacionais de qualidade, Sr. Governador! Reforme a Escola Hilda Vieira!

No final da nota, o Sintepp cobrou providências das autoridades: “Educação de qualidade se faz com ambientes educacionais de qualidade, Sr. Governador! Reforme a Escola Hilda Vieira!”

A campanha pela reforma e volta às aulas presenciais em ambiente seguro e saudável na escola Hilda Vieira ganhou força em setembro de 2021, depois do período mais grave da pandemia no novo coronavírus

Nas redes sociais, pais e professores cobravam, há dois anos, que o Estado resolva esse problema, que afeta o aprendizado dos alunos matriculados na Hilda Vieira.

“Nossa escola está parecendo um casarão velho precisando de melhorias na estrutura da escola já!”

“Há anos que essa escola tá precisando de reformas”

“Reforma já! Olhe com coração essas crianças que querem estudar”.

“Nossos alunos precisam de um espaço educacional digno. É direito”.

“Pq esse negócio de aula online ,o aluno não aprende e nada ,espero muito q aulas presencial volte, pq já tem tempo q estamos esperando alugar um prédio pra colocar os alunos, até agora nada”.

“Minha escola! Lá aprendi com ótimos professores, e vivi momentos inesquecíveis, hoje realmente encontra-se nesse estado de abandono, vamos todos juntos abraçar #HildaVive”

No início do mês de Abril, recebi o apelo desesperado de uma mãe, para que tornasse público esse descaso com as condições da Escola Hilda Vieira e a excessiva demora em sua reforma do prédio original:

“Esse novo prédio foi alugado no final do ano passado e a previsão é que estaria tudo pronto para o funcionamento para o ano de 2023, mas só que não… o prédio é uma antiga empresa de segurança e o mesmo têm suas instalações muito fechadas e não se colocou nenhum ar, pois as instalações não são para ventiladores, que no caso por ser muito abafado, o ar se torna quente e esses mesmos ventiladores foram entregues há pouco tempo, pois nem ventiladores tinha e nem esses tem condições de suprir o calor que as salas ficam”.

Enquanto isso, o processo de reforma do prédio original da escola continua parado, sem previsão da Seduc para ser iniciado e muito menos concluído. O portal diogenesbrandao.com entrou em contato com algumas fontes na Seduc, mas não obteve informações.

Apelamos para que o Ministério Público Estadual cobre explicações e imediata solução para o problema relatado pela comunidade escolar do Hilda Vieira e cobre transparência da Secretaria de Educação sobre o contrato de aluguel do prédio, que não serve para o processo de ensino/aprendizagem e o prazo de entrega da reforma do prédio original da unidade escolar.

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