O ditado “Quer conhecer a pessoa? Dê poder à ela!” parece se encaixar direitinho naqueles que hoje voltaram ao poder municipal, na prefeitura da capital paraense, a única do país em que o PSOL governa. O que tem ocorrido nas reuniões do Diretório estadual do partido é de deixar até os militantes mais fiés inconformados.
É que o presidente estadual do PSOL e seu grupo, a “Primera Socialista” vêm fazendo de tudo para não apresentar candidatura própria ao governo do estado, supostamente em cumprimento ao acordo político realizado com o MDB, em troca de apoio à candidatura de Edmilson Rodrigues (PSOL), nas eleições de 2020.
É que o governador Helder Barbalho (MDB) tem sido apontado como um dos principais articuladores para o salvamento da candidatura de Edmilson Rodrigues, quando este estava praticamente sendo engolido pelo então candidato Delegado Federal Eguchi, que surpreendeu e foi ao segundo turno com o psolista.
A articulação de partidos políticos, inclusive de direita, foi determinante para que a derrota de Eguchi e a vitória de Edmilson ocorresse. Agora, o PSOL retribui o “favor” e se contorce para evitar que o partido aprove uma candidatura para concorrer com Helder Barbalho, que já tem praticamente todos os partidos paraenses no seu arco de aliança.
Falta acertar com os Russos
Se o grupo majoritário do PSOL paraense quer evitar que o partido lance candidaturas ao governo, evitando assim choques e problemas com a cúpula do MDB, sobretudo a família Barbalho, outros agrupamentos fazem questão de apresentar pré-candidaturas contra o que chamam de “velha política” e “representantes das oligarquias”.
Primeiro foi a sindicalista e presidente do SINTEPP Belém, Silvia Letícia que em postagem no dia 03 de Março, apresentou sua pré-candidatura.
Já na última quarta-feira, 16, foi a vez do vereador de Belém Fernando Carneiro de apresentar seu nome à disputa pelo governo em suas redes sociais. Na sexta-feira, 18, o grupo de Fernando realizou um evento no hotel Ipê, em São Brás, onde disse:
“No PSOL, qualquer militante está autorizado a disponibilizar seu nome para o processo eleitoral mas sempre com um programa anticapitalista, feminista, antirracista e ecossocialista. Que seja a expressão da luta da classe trabalhadora, das mulheres, da negritude, da população LGBTQIA+, dos quilombolas, de ribeirinhos, indígenas, camponeses, da juventude e que defenda profundas transformações sociais. Essa é identidade do nosso partido, e disso não abrimos mão”.
Com o anúncio de duas pré-candidaturas, os ataques à Silvia Letícia foram levados ao conhecimento do Diretório Estadual do PSOL, que recebeu em forma de proposta de resolução, mas foi rejeitada pela maioria do partido, sob influência do grupo de Edmilson Rodrigues, o prefeito de Belém.
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