Uma fogueira de vaidades, somou-se à guerra por espaços dentro da prefeitura de Belém e cresce a busca por culpados pela incompetência administrativa, em diversas áreas da gestão municipal.
O resultado não poderia ser outro: Uma reformulação administrativa, onde cabeças começaram a rolar e substituições ocorrem dentro das secretarias municipais, onde passando da metade de seu terceiro mandato como prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL) começa a perceber que mesmo com todo o esforço midiático, corre sério risco de não ser reeleito em 2024.
Para militantes e DASs do governo é um exagero dizer que a saúde pública municipal vive um caos, mas qual o termo seria mais adequado para relatar as greves e paralisações de médicos, enfermeiros, pessoal de serviços gerais e até de seguranças e porteiros de UPAs, UBSs e Pronto socorros de Belém?
Se não bastasse a falta de pagamento de quem trabalha na saúde pública municipal, faltam medicamentos e insumos para atender os pacientes que procuram atendimento, como anestesias, analgésicos, anti-inflamatórios, agulhas, seringas, entre outros.
Com as inúmeras críticas, manifestações e protestos por parte dos servidores públicos municipais, dos pacientes e seus famliares, bem como da população que se expressa nas redes sociais, em busca de socorro dos órgãos de fiscalização que são competentes para agir contra as mazelas da administração municipal, como o Ministério Público e a Câmara Municipal, alguns veículos de imprensa que recebem verbas da prefeitura não tiveram mais como segurar e abafar a situação caótica e passaram a noticiar algumas ocorrências de populares que gritavam nas portas dos prédios administrados pela SESMA/PMB.
Acuado, Edmilson Rodrigues (PSOL) resolveu gravar um “vídeo self”, onde inicia defendendo os seus secretários e a si mesmo, dizendo que estão todos buscando ajuda do governo federal e acusando seus dois antecessores (Duciomar Costa e Zenaldo Coutinho), assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de serem responsáveis por todos os problemas existentes em Belém.
A iniciativa do prefeito recebeu inúmeras críticas de adversários, mas também de aliados e até de dentro do PSOL, o partido de Edmilson. Em um grupo de apoiadores de Edmilson, um militante do PT propôs a seguinte estratégia:
“Mesmo com dificuldades, a melhor maneira de fazer propaganda e comunicação nessas crises, é mais imagens e falas do povo recebendo o atendimento, que unicamente uma fala do prefeito falando que é solidario com os protagonistas dos movimentos de paralisação.
Se a gente conseguir assimiliar o que o povo espera ouvir, lhe apresentando alternativas e possibilidade para superar as dificuldades, ganhando tempo politico para abertura de novas negociações, já é um bom caminho a seguir”.
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FUMBEL
No início deste mês, ainda em campanha midiática pelo aniversário de Belém e nas vésperas do carnaval, o ex-presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), Michel Pinho, usou as redes sociais para anunciar seu pedido de exoneração. Em seu lugar assumiu Eduardo Mouzinho.
Para quem conhece o metiê, ao contrátio do que foi dito à imprensa, a queda de Michel se deu por críticas do staff do prefeito, que via no ex-presidente da FUMBEL uma pessoa mais voltada à questão patrimonial e pouco receptiva e afável aos “companheiros” da cultura.
SESMA
A forte demostração de incompetência e trapalhadas na Secretaria Municipal de Saúde já havia derrubado em Abril 2022, o diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), o médico Claudio Salgado, e sua equipe. Apontado por servidores públicos como um profissional competente, Claudio “pagou o pato” pela falta de prioridade e competência de outras secretarias e do próprio gabinete do prefeito, que demoravam a dar respostas às demandas de sua pasta, sobretudo nos momentos cruciais da vacinação contra a pandemia da COVID-19. Leia mais em Por que caiu Claudio Salgado, diretor da Sesma?
Com diversas paralisações de médicos, enfermeiros, pessoal de impeza e segurança, além da falta de medicamentos e insumos para atendimento médico-hospitar, em Dezembro do ano passado, foi a vez de “cortar a cabeça” do diretor-geral do Hospital Pronto Socorro Municipal (HPSM) “Mário Pinotti”. Saiu o médico Ajalce Janahú e assumiu o enfermeiro Marcelo Silva.
Como o caos se manteve e sempre tem de haver alguém para se jogar a culpa, a Prefeitura de Belém anunciou no início deste mês, a exoneração do Secretário Municipal de Saúde, Maurício Bezerra, que esteve à frente da pasta nos dois primeiros anos da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues. No lugar de Maurício, o economista Pedro Ribeiro Anaisse assumiu o comando da SESMA, que mantém os mesmos problemas da pasta, com falta de insumos, remédios e pagamento de médicos.
A última baixa na SESMA veio semapa passada com o pedido de exoneração do diretor do Departamento de Vigilância em Saúde, Dr. Adriano Furtado, que estava à frente da Divisão de Endemias, setor responsável pelo controle da Dengue, Zika, Chikungunya e Malária.
Segundo denúncia de Agentes de Combate à Endemias ACE da prefeitura de Belém, a capital paraense está numa epidemia de Dengue e como há um sucateamento da Divisão de Endemias, os ACEs não estão fazendo visitas às residências porque estão sem EPI – Equipamento de Proteção Individual, fardamentos e veículos.
Além disso, segundo os denunciantes, os laboratórios de endemias estão em péssimas condições de funcionamento e o número de telefone do Disk Endemias foi cortado por falta de pagamento. Para piorar a situação dos ACEs, eles estão há 4 meses sem receber seu vale transporte digital, engrossando as críticas de descado da gestão municipal com os servidores públicos.
SEMEC
Depois de dois anos, com escolas caíndo aos pedaços e com servidores públicos indignados pelas péssimas condições de trabalho e salariais, a Secretária Municipal de Educação de Belém, Márcia Mariana Bittencourt Brito, caiu. Em seu lugar assumiu quem já era de fato e de direito, a secretária: Araceli Lemos, que era Diretora Geral da SEMEC e foi efetivada no lugar da secretária exonerada. Leia mais em: Após vaias de professores, cai a secretária de Educação de Belém.
NA COMUNICAÇÃO E MARKETING
A jornalista Keyla Negrão, responsável pela Coordenação de Comunicação Social (Comus) vem enfrentando uma forte “detonação” dentro da gestão, tendo sido apontada como incapaz de dar respostas às crises. Comenta-se que ela perdeu a instabilidade que tinha entre os principais assessores do governo, sobretudo o trio que mais influencia Edmilson Rodrigues: Aldenor Junior (Chefe de Gabinete), seu irmão, Luiz Araújo (Secretário de Controle, Integridade e Transparência e a irmã do prefeito, Edilene Rodrigues, procuradora do município.
Assim como a coordenadora da COMUS, a agência de propaganda digital, responsável pela gestão das redes sociais da prefeitura de Belém, também estaria prestes a ser substituída.
As mudanças buscam melhorar a comunicação da gestão psolista com a população, tendo inclusive um plano sendo pensado para aproximar jornalistas que ainda não estão tendo anúncios da prefeitura de Belém em seus blogs e portais, bem como aumentar o número de veículos de imprensa que recebem a verba publicitária, para divulgar as ações governamentais, com o intuito de blindar Edmilson e até mesmo reverter as críticas em elogios.
A BUSCA PELA VISIBILIDADE NAS OBRAS DO MERCADO DE SÃO BRÁS
Se o site da CODEM está jogado às traças, sem atualização, o perfil da autarquia foi atualizado com a postagem de um vídeo, onde o presidente do órgão municipal aparece falando do início das obras de reforma do Mercado de São Brás.
O gabinete do prefeito não gostou da “ousadia” de Lélio Costa (PCdoB), que teria transgredido a primeira lei do famoso livro que todo político deve ler e nunca esquecer: As 48 leis do Poder, que diz: “Não ofusque o brilho do mestre”.
A resposta de Edmilson demorou alguns dias, mas veio. Além de gravar um vídeo no mesmo local, tomando pra si o protagonismo da obra de reforma do Mercado de São Brás, o prefeito exonerou parentes de Lélio Costa que estavam lotados na CODEM e baixou portaria determinando que a autarquia promova a descentralização de créditos orçamentários alocados lá, em favor da Secretaria Municipal de Administração, que tem à frente a companheira Jurandir Novaes.
Estimada em cerca de R$ 50 milhões, o prazo de execução da obra de reforma do Mercado de São Brás é de 18 meses. Segundo a prefeitura, os recursos já estão assegurados através de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. A responsável pela obra é a Multisul Engenharia S/S Ltda, com sede em Belém.
“O projeto de reforma e requalificação prevê uma área de lazer, com restaurantes, mezanino, além de espaços para manutenção dos cerca de 300 permissionários e artesãos, que já trabalhamno mercado em regime de concessão concedida pelo poder público municipal”, informou a prefeitura de Belém.
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