Por Lídia Barbosa dos Santos*
O presente trabalho tem como objetivo verificar técnicas e estratégias que auxiliem no ensino da leitura e da escrita, no contexto de uma escola de Ensino Fundamental de Belém.
O mesmo buscou analisar as formas de intervenção assim como conclui que é possível realizar leituras e escritas de formar interdisciplinar, com a inserção de valores nos exercícios aplicados, dando importância à formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
Recomenda-se então que a escola estimule projetos interdisciplinares que contemplem as várias formas de leitura, motivando os alunos a visitarem a biblioteca, além da organização da sala de aula tornando-a mais atrativa, com atividades em grupo que exercitem a escrita e a leitura.
Observando a evolução política, econômica e cultural da sociedade faz-se necessário
analisar sucintamente o processo de alfabetização desde as metodologias aplicadas até a
eficácia dos métodos, relatando fatos dentro de um contexto histórico cultural, a fim de
promover ao leitor um maior entendimento para que este seja capaz de compreender o
processo educacional que tem como base a alfabetização à formação humana.

Historicamente, o conceito de alfabetização se identificou como ensino e aprendizagem da ”tecnologia da escrita”, quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que, em linhas gerais, significa, na leitura, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-os em “sons”, e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais gráficos.
A partir dos anos 1980, o conceito de alfabetização foi ampliado com as contribuições
dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da língua escrita, particularmente com os
trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.
De acordo com tais estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduz ao
domínio de correspondências entre grafemas e fonemas (decodificação e codificação), mas
se caracteriza como um processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos coma a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o
funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema de representação.
A leitura vai além da decodificação de signos, ela deve ser um instrumento que
possibilite que o leitor imbuído de senso crítico confronte sua experiência com os acontecimentos descritos, estimulando e transformando o meio em que vive. Saber ler e escrever é imprescindível para a integração social, são necessidades básicas.
Contudo, o processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita é complexo, sendo
possível verificar, com certa frequência, alunos que apresentam dificuldade em
compreender esse processo de aquisição do código escrita assim como aplicá-lo em
situações de vida diária.
Vive-se hoje na sociedade da informação e do conhecimento e devemos perguntar
qual a contribuição da escola neste advento e que atitude tomar para aproveitar essas
mudanças dentro da instituição escolar.
Nessa perspectiva, este trabalho busca verificar o papel do reforço escolar como estratégia no processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
A principal função da leitura é a compreensão do texto; quando o aluno lê articula seus conhecimentos prévios, seus valores, suas crenças e um conjunto de atitudes mentais são
ativados para que as informações sejam processadas e finalmente o texto seja compreendido e, se for significativo, apreendido (ALVES, 2010).
Segundo Borba (2007), a aprendizagem da leitura é apenas a tentativa de dar sentido
ao que se lê, e o esforço para ensinar a ler, portando, é apenas a tarefa de tornar a leitura
interessante e compreensível.
Ampliar conhecimentos e ajudar a superar dificuldades em relação à aprendizagem é o objetivo maior do reforço escolar, que requer um planejamento com definição de metas e
escolha de metodologias e estratégias que envolvam e estimule os alunos.
Tornar esse momento prazeroso e instigante exige que o professor providencie textos adequados à realidade de seus alunos, para despertar nos mesmos a curiosidade pelo que foi compreendido.
Buscamos em Marconi, Lakatos, 2005, uma explicação quanto aos passos iniciais
deste estudo, no que se refere à pesquisa bibliográfica para fundamentar o nosso procedimento metodológico. Para esses autores “a pesquisa bibliográfica tem a finalidade de colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito”.
Daí ser necessário refletir sobre a contribuição do reforço escolar para a melhoria do ensino da leitura e escrita; identificar as dificuldades enfrentadas pelo professor no ensino da leitura e escrita; conhecer as estratégias trabalhadas pelo docente no ensino da leitura e
da escrita; verificar ate que ponto o reforço escolar contribui para melhor desempenho escolar do educando no processo de aprendizagem da leitura e escrita.
O presente estudo foi desenvolvido no contexto da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Guadalupe. O trabalho caracterizou-se pela pesquisa de campo, bibliográfica e análise de dados que foram obtidos de duas maneiras através da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório.
Foi priorizada a pesquisa de campo porque houve a necessidade de investigar e analisar a implantação e o desenvolvimento do projeto “Aceleração da aprendizagem” desenvolvido na escola.
A pesquisa de campo, segundo Marconi & Lakatos (2005), é utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que queira comprovar, ou ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.
Bibliográfica porque para alcançar seus objetivos foi desenvolvido com base em publicações efetuadas através de revistas, livros e relatórios desenvolvidos pela equipe técnica e professores do projeto.
Segundo Manzo (1971), apud (Marconi & Lakatos, 2005: 185) a pesquisa bibliográfica “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”.
Em 2009, ao realizar os estágios exigidos pelo curso de Graduação, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Guadalupe, foi possível observar o baixo índice de desempenho escolar dos alunos.
Assim, no momento de elaboração do projeto acadêmico que originou esta pesquisa, tomei a escola como ponto de referência, por nela anteriormente já ter desenvolvido um bom trabalho e por acreditar que nesta haveria colaboração da comunidade escolar para o
desenvolvimento desta pesquisa.
Neste segundo momento, ao ter contato mais direto com o trabalho desenvolvido pela
equipe pedagógica e equipe de professores da instituição, procurei observar, recolher e
registrar os fatos das realidades dos alunos, obtendo assim mais informações sobre o campo a ser pesquisado.
Ao entrar em contato com o trabalho desenvolvido dentro das salas de aula, identifiquei grande número de alunos da quinta a sexta-série do ensino fundamental com enorme dificuldade de aprendizagem e como esse fator estava relacionado ao baixo nível de
desenvolvimento do aluno no processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
Como intuito de diminuir o número de alunos com baixo desempenho de escolaridade,
direção escolar e equipe técnica resolveram implantar na escola o programa Aceleração da
Aprendizagem lançado em 1997 pelo Governo Federal.
Em 2008, com a implantação do programa na escola, foram criadas turmas especiais,
em horários diversificados, nas quais grupos de estudantes receberiam aulas de reforço
escolar, para que pudessem avançar em séries.
Ao observar e analisar relatórios das atividades desenvolvidas pelas turmas de aceleração foi possível identificar fatores prós e contra decisivos para um melhor aproveitamento e desenvolvimento das turmas.
Observei que as turmas tinham um nível regular de frequência, que os alunos das turmas participavam das atividades extraclasses, tanto para trabalhos em grupos como individuais, com exceção de alguns casos em que os alunos estavam trabalhando no horário das atividades propostas; nesses casos eram destinadas outras atividades a estes alunos.
A ausência do apoio familiar, o trabalho infantil, a falta de material pedagógico e um apoio mais eficiente da equipe pedagógica dificultavam o desenvolvimento das atividades e um melhor aproveitamento do programa.
Com a percepção dos professores de que a dificuldade de aprendizagem dos alunos estava diretamente relacionada ao baixo nível de desenvolvimento da leitura e da escrita, foram direcionadas atividades com a finalidade de diminuir estas dificuldades, trabalhadas
principalmente na disciplina de língua portuguesa e matemática.
Educadores utilizaram de vários recursos pedagógicos disponíveis e preparados pelos mesmos para alcançar o objetivo do projeto. Estratégias desenvolvidas com grupos de alunos eram modificadas conforme o grau de dificuldade da turma.
Na experiência profissional com a qual me envolvi no momento de desenvolvimento
desse trabalho obtive, além de conhecimentos teóricos e boas relações profissionais,
reflexões críticas feitas sobre o processo de educação.
Reflexões que me levaram a estudar mais os efeitos das diferentes estratégias
direcionadas no processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita, a partir do que
seria possível avançar positivamente na aprendizagem do aluno.
O debate em torno do processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita numa sociedade grafocêntrica, ganha destaque, de forma que todo o professor, não apenas os de
língua portuguesa, devem assumir o papel de mediadores dessa capacitação voltada para a
formação do leitor.
Entende-se que o acesso a outras áreas de conhecimento só é possível por meio da leitura, assim como é possível acessar o mundo em sua volta, realizar várias maneiras de ler seu contexto e expressá-las, escrevendo para o mundo. Desta forma, a competência comunicativa passa a ser uma habilidade e exigência para a compreensão da vida.
Contudo, a leitura só é contemplada se a associação da “palavra impressa e som” tiverem correspondência sonora compreensível. Por exemplo, no Brasil, onde a língua falada é o português, escrevem-se “letras” que se sabe diferenciar e que se conhece sua relação com a fala.
Mas, ao ver uma palavra escrita em “francês” percebe-se os sinais, mas não se
entende o significado. Portanto, quando a criança decodifica e não compreende, não se
pode afirmar que ela esteja lendo.
Segundo Moraes (1997, p. 21) No inicio do processo de aprendizagem da leitura a criança tem que diferenciar visualmente cada letra impressa e, perceber que cada símbolo gráfico tem um correspondente sonoro. Quando a letra “p” é visualizada, esta deve ser relacionada com a forma sonora que representa, ou seja /p/.
Ao entrar em contato com as palavras, a criança deve descriminar visualmente cada letra que forma a palavra, a forma global da palavra e associá-la ao respectivo som, formando uma unidade linguística significativa. A habilidade da leitura e de uma boa escrita requer algumas técnicas que geralmente as escolas comprometidas com a educação de seus alunos procuram desenvolver.
E ao tratar da leitura, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1998, p. 69) apontam que a leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc.
Nesse contexto, formar leitores competentes requer um esforço maior por parte de professores e também da escola, pois a mesma deve dispor de sala de leitura com acervo diversificado (revistas, almanaques, jornais etc.) disponibilizada ao aluno que, ao entrar em contato com diversos tipos de textos, formará conexões mentais necessárias para melhor compreender esse processo.
Verificou-se ainda, que a atividade de leitura acontece de diversas formas e em diversos momentos dentro da sala de aula de reforço, conforme apresentado pelos PCNs (Idem, p.72-73): “A autonomia envolve a oportunidade do aluno, de preferência ao ler silenciosamente, textos para quais já tenha desenvolvido certa proficiência”; colaborativa está é uma atividade em que o professor lê um texto com a classe e, durante a leitura, questiona os alunos sobre os índices linguísticos que dão sustentação aos sentidos atribuídos; leitura em voz alta pelo professor e pelo aluno.
Observa-se que a leitura de textos está presente em qualquer disciplina, porém sua prática é mais expressiva nas aulas de Língua Portuguesa. A escrita é essencial para o saber social; saber escrever significa, sobretudo, conhecer os usos pessoais e sociais da escrita e adequar sua linguagem às situações específicas de cada momento de comunicação.
A escrita é indispensável para o domínio da língua materna, e a produção de textos revela o quanto se aprendeu tanto em conjunto de forma (grafia e gramática) como em forma de discurso.
Os PCNs preconizam que a partir de textos o aluno possa aprender a escrever palavras e frases, como ordená-las de modo a produzir algo com conteúdo e qualidade (BRASIL, 1998, p. 35).
E sabendo que o texto é indispensável no trabalho com a escrita e interpretação da leitura uma vez que a partir de sua iniciação na produção de textos curtos, no geral o aluno apresenta limitação de vocabulário e conteúdo, escrevendo semelhante ao que ele lê.
Por isso, a estratégia de pedir aos alunos que escrevam para outras pessoas, sobre suas experiências, ou criem histórias a partir de gravuras que são utilizadas bastantes em sala de aula, estimulam a criatividade e a interpretação.
Nesse aspecto, Moraes (1997, p.27) corrobora ao explanar que na redação, o escritor busca dentro de si as palavras adequadas para poder transmitir ao outro aquilo que vivencia e a opção da escolha de palavras e da forma como estas, não sendo articuladas,
representam, no fundo, modelos interiorizados de inúmeras leituras que o escritor realizou
durante sua vida.
É por isso, que os professores que alfabetizam criança, ao solicitarem ao seu aluno a
escrita de história deparam-se com o seguinte: “O pato nada no lago, o pato é da menina, o pato é amarelo” verificado que as crianças sempre são espontâneas em seus relatos, mas textos escritos da maneira citada acima revelam padrões de leitura interiorizados, adquiridos no manuseio e leitura de livros didáticos que são escolhidos pelos próprios professores.
Portanto, é de bom alvitre que o professor analise os textos que recomenda a seus alunos, para que sejam textos significativos, tanto de interpretação como de forma: grafia, estética gráfica, conteúdo, gramática, formação etc. (MORAES, 1997).
Nesse contexto, propor atividades na perspectiva do letramento, como por exemplo, solicitar a confecção de uma lista de material escolar, favorecerá a aprendizagem de maneira contextualizada em uma situação de escrita que realmente existe socialmente, respeitando-se a hipótese de cada criança.
De acordo com Gallo (1999), o professor precisa oportunizar situações de reflexão
sobre a escrita, pois se a criança não avança sobre essas hipóteses, não as transformará, ou seja, não basta desenvolver situações de escrita com função social, é preciso mediar essas produções orientando e estimulando a criança a pensar sobre o que escreveu.
Compreende-se a relevância de se seguir as orientações apresentadas pelos PCNs, em relação a utilização de texto como instrumento de trabalho.
Somente por meio de um trabalho orientado para a leitura é que o professor facilitará a apreensão de conceitos e o aluno poderá apresentar informações novas, comparar pontos de vista, argumentar, etc.
O intuito é que o aluno possa dar passos adiante na conquista de sua autonomia no processo de aprendizagem. Mas, para tanto, se faz necessário construir habilidades e competências que envolvam a leitura e a produção textual que, reitere-se, é papel atribuído apenas e tão somente aos professores de língua, restringindo o espaço do texto na escola.
Segunda Silvia Calello (2008), “Crianças com dificuldades neurológicas de aprendizado representam apenas de 3% a 7% dos estudantes no mundo todo”, o que nos leva à reflexão de que a dificuldade de aprendizagem na maioria das vezes não é determinada pelo desinteresse ou incapacidade do aluno, mas pode ser resultado de falhas no ensino ou na própria infraestrutura da escola.
Nesse processo são observados certos fatores sociais que são determinantes na manutenção dos problemas de aprendizagem, e, entre eles, o ambiente escolar e contexto familiar são os principais componentes desses fatores.
Quanto ao ambiente escolar, salas lotadas, professores não qualificados, metodologias ultrapassadas e que não despertam o interesse do aluno, podem dificultar a aprendizagem levando a um baixo desempenho do educando.
É necessário verificar a motivação e a capacitação da equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno-família, além da proposta pedagógica.
Em relação ao ambiente familiar, há casos em que a família apresenta um nível de escolaridade baixo, não incentivando nem valorizando o desempenho do educando; outras famílias apresentam um nível de exigência muito alto, com a visão voltada somente para os resultados obtidos, podendo desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permita um processo de aprendizagem devidamente adequado, permitindo assim que outras dificuldades ocorram.
Quando o educador observa que seu educando não está acompanhando o desenvolvimento de sua aula, o mesmo deve estar preparado para intervir de forma rápida e precisa, não permitindo que as dificuldades se acumulem, pois, o aluno pode se sentir desestimulado, acreditando que não conseguirá absorver conhecimentos, tornando-se indisciplinado e chegando, em alguns casos, a desistir de continuar seus estudos.
O reforço escolar deve ajudar o aluno a superar dificuldades, consolidar e ampliar
conhecimentos, desenvolver e estimular o gosto e a alegria de aprender.
Deve-se observar a real necessidade do aluno, e é preciso identificar onde estão suas maiores dificuldades, se ele precisa de um acompanhamento especifico e constante de forma individual ou em pequenos grupos. É necessário conhecer e respeitar a situação de vida de cada aluno de modo a lhe oferecer oportunidades de participar desses grupos.
O educador deve estar preparado para ajudar a formar um cidadão crítico e para isso se faz necessária uma reflexão crítica sobre sua prática docente, tendo o cuidado de analisar teoria e prática e como estas vêm sendo desenvolvidas dentro da escola.
A curiosidade epistemológica é o ponto onde o educador deve chegar para elevar a sua prática ao patamar de formador de indivíduos conscientes.
Dessa forma, se faz necessária a reflexão do educador para que o mesmo se perceba
como um profissional inacabado em busca de novos e melhores conhecimentos para que possibilite a formação de um educando crítico, consciente.
Na sala de aula, professor e aluno costumam causar curiosidade um no outro, ambos
possuem informações instigantes a serem descobertas e que devem ser aproveitadas no
processo de ensino-aprendizagem.
A própria situação de aprendiz coloca o aluno na posição do curioso que precisa estudar, investigar e examinar tudo aquilo que supostamente o professor conhece e vai lhe
revelar ao decorrer do curso.
O educador, por sua vez, precisa ser “esperto” para utilizar isso a favor do processo de ensino-aprendizagem, instigando cada vez mais a curiosidade desse educando.
O mais interessante é quando o caminho é apontado de forma que o educando utilize sua curiosidade em seus estudos pra desvendar aquilo que precisa ser esclarecido. O educador, mediador e facilitador das descobertas, que não apresenta tudo pronto, estimula o interesse do educando contribuindo para um aprendizado mais significativo.
A participação da criança no processo de aprendizagem pressupõe o desenvolvimento
da inteligência, da socialização, e especialmente de uma elevada autoestima. Falar em
autoestima é acreditar em uma escola construída a partir de respeito, compreensão e
autonomia de ideias. A autoestima está relacionada à maneira com a qual a criança se vê, é a avaliação que ela faz de si a partir de sua própria percepção.
Para que o aluno desenvolva a autoestima, deve-se criar um clima de confiança, que faça com que ele se sinta aceito, acolhido, compreendido e respeitado. Por isso, o professor torna-se um referencial que poderá contribuir de forma positiva ou negativa para o processo educativo por estar diretamente ligado à criança em seu cotidiano escolar.
Propor em sala de aula trabalhos que levem em consideração o que os educandos sabem, valorizar as informações trazidas de casa e desenvolver o processo ensino-aprendizagem com base nesses conhecimentos são caminhos para se fazer com que o nosso ensino ganhe sentido e com que a criança se sinta valorizada na relação professor-aluno.
Dessa forma desenvolvemos atividades em que os alunos foram estimulados a conhecer a história de suas famílias; elaboramos perguntas que foram direcionadas aos pais e avós em forma de entrevistas e, já em sala de aula, transformadas pelos alunos em textos narrativos, com o tema “Minha história, minha vida”.
Considerações finais
De acordo com as análises realizadas, podemos concluir que, em termos de aprendizagem, uma educação familiar adequada, feita com amor, paciência e coerência desenvolve nos filhos autoconfiança e espontaneidade, que favorecem a disposição para aprender.
Outro aspecto a considerar é que dentro da escola existem fatores que podem afetar a aprendizagem: o professor, a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o material de trabalho colocado à disposição dos alunos.
Nesse sentido, os resultados revelam que os professores têm suas próprias definições sobre as dificuldades de aprendizagem das crianças, embora essas definições apareçam, algumas vezes, sobrepostas umas as outras, demonstrando ser difícil a explicação. Os professores, em suas reflexões, apresentam quatro tipos de concepções: distinta dificuldade de aprendizagem; dificuldade de assimilar o conteúdo; dificuldade na leitura e escrita e dificuldade em relação ao raciocínio.
Percebemos que através do desenvolvimento do projeto houve melhoras na
escrita\leitura das crianças envolvidas, sendo que alguns chegaram a nos surpreender com o nível de produção. Em todos os momentos elas demonstraram interesse em trabalhar com os gêneros literários, embora sentissem dificuldades em alguns por não terem tanto contato.
A enorme utilização da internet hoje nos permite entender que a redução de palavras que estamos vivenciando está cada vez mais nos afastando do uso correto das palavras, dificultando ainda mais esse processo da linguagem que estamos querendo superar.
Nesse sentido, trabalhar com os gêneros textuais permitiu também trabalhar os diversos meios de comunicação em circulação que não fossem somente o livro didático, fazendo com que a criança entrasse em contato com diferentes materiais impressos.
Com as turmas de reforço escolar foi possível trabalhar em grupo ou individualmente a dificuldade dos alunos, dando mais atenção e ajudando-os a superar suas dificuldades em relação à leitura e escrita.
Portanto, todas as experiências obtidas no campo de pesquisa foram de suma importância na minha formação acadêmica, pois me deram uma visão mais ampliada das práticas pedagógicas.
Promovendo uma dimensão do que é ser educador, provocador dos conhecimentos dos alunos, além de trocador de informações, uma vez que aprendemos enquanto ensinamos, o educador precisa ser um pesquisador contínuo para afirmar seu compromisso com a educação.
*Lídia Barbosa dos Santos é formada em Pedagogia, com pós-graduação em Gestão Educacional e outra pós-graduação em Gestão Educacional.