Desde o primeiro turno das eleições municipais de 2020, a população de Belém percebeu que Edmilson Rodrigues já não era mais o mesmo. Em dois debates que ocorreram no segundo turno, frente a frente com o adversário bolsonarista, o delegado federal Eguchi, Edmilson estava irreconhecível.
A notória superioridade intelectual, junto com a bagagem e experiência de quem foi por três vezes eleito deputado estadual, federal por duas vezes e gestor da capital paraense por 2 mandatos, estavam ali derretendo na frente das câmeras de tv, em um rosto assustado e na fala desconsertada do candidato tinha acabado de vencer o primeiro turno, mas estava visivelmente desestabilizado no segundo.
Foi preciso negociar com ex-adversários políticos, empresários e beijar a mão de quem antes chamava de burguês e inimigo da classe trabalhadora, para que conseguisse ser eleito, tendo como facilitação a fala desastrosa do adversário, o Eguchi que chegou a dizer que receberia apoio, mas não daria nada em troca, sobretudo cargos.
A campanha de Edmilson então passou a receber apoio de tucanos, líderes evangélicos bolsonaristas e até do governador do Estado, com quem Edmilson teve que aceitar as condições impostas, as quais seguem inconfessáveis.
Hoje, podemos ver o presidente da Câmara Municipal, Zeca Pirão (MDB) apontado como responsável pela indicação de cargos de confiança em diversos órgãos da prefeitura, sobretudo UPAS, direção de escolas, entre outros, onde diversos servidores já protestam contra assédio moral.
Os vereadores de Belém também estão contemplados, naquilo que ficamos conhecendo como a “Belém de Novas Ideias”, onde o partido do Socialismo e Liberdade, do qual Edmilson é membro, alia-se com partidos de direita, repassando emendas parlamentares e ofertando cargos para a dita governabilidade.
UM GOVERNO BIPOLAR: FAZ UM DISCURSO, MAS A PRÁTICA É OUTRA
Eleito, o prefeito de Belém manteve servidores recebendo menos de um salário mínimo e ainda aplicou descontos em funcionários aposentados, além de contratar novos servidores sem concurso.
Tendo recebido da UNICEF o prêmio de Prefeito Criança, diversos veículos do Conselho da Criança e Adolescente pararam por falta de pagamento da Prefeitura de Belém.
Nos primeiros seis meses de seu governo, com poucas aparições e com muitas críticas pelo abandona em que Belém se encontrava, Edmilson gravou vídeo defendendo a revolução cubana e críticando os EUA pelo bloqueio econômico daquele país.
No fim de Agosto deste ano, o TRE-PA multou o prefeito e vice-prefeito de Belém em R$ 755 mil, por prática de crime eleitoral prevista em lei, durante a campanha da coligação “Belém de Novas Ideias”, nas eleições municipais de 2020.
Mesmo naquilo que chama de maior referência diferencial no modo de governar deste seu 3º governo municipal, o Tá Selado, 3ª tentativa de Edmilson Rodrigues de implantar um método de participação popular em Belém, Afro-religiosos acusaram prefeitura de Belém de práticas racistas.
Em Setembro, após uma crise na comercialização e no consumo de pescado no Pará, após a suspeita de casos da doença da urina preta, os feirantes do Ver-o-Peso resolveram fazer um protesto e bloquearam as avenidas próximas do complexo turístico e comercial.
Como foi muito criticado pelas redes sociais, Edmilson resolveu ir até o mercado, onde comprou peixe e declarou que a população não tinha porque se preocupar em consumir o pescado. Logo depois, o prefeito de Belém foi almoçar no mercado do ver-o-peso, mas não apresentou nenhuma ajuda aos trabalhadores, tendo ficado lá, sem máscará, rodeado de feirantes e populares.
Depois de 14 dias, Edmilson declarou no dia 1º de Outubro ter testado positivo para a COVID-19, o que o fez passar por duas internações hospitalares, sendo que na última, precisou passar por um tratamento rígido, inclusive com a drenagem dos pulmões e cuidados com os rins. Ed recebeu alta hospitalar, no dia 31 de Outubro e passou duas semanas em casa, se recuperando de sequelas deixadas pela doença.
O LOBBY EMPRESARIAL E A LIBERAÇÃO DO CARNAVAL
Hoje, em uma reunião onde foram convocados presidentes de escolas de samba e de blocos carnavalescos, o prefeito fez o anúncio de que Belém está em condições de realizar o carnaval 2022. Sem mostrar os estudos que diz ter, Edmilson Rodrigues alegou que a ciência aponta para a possibilidade de aglomerar as pessoas em festas e desfiles carnavalescos. Pelas redes sociais, diversos internautas falam que o prefeito está sendo pressionado a liberar o carnaval, tanto por vereadores, carnavalescos e empresários interessados nos lucros gerados pelas festas durante o período.
Os dias de carnaval estão dentro do perído de estado de calamidade pública, que Edmilson pediu para extender até Março de 2022.
ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA
Logo que assumiu o poder, Edmilson declarou em Março, a situação de calamidade pública em Belém.
Na época, a justificativa era o ritmo acelerado das infecções e óbitos decorrentes da Covid-19. Naquele momento, Belém tinha registrado, 75.256 casos e 2.875 mortes causadas pela doença.
O decreto teve prazo de 180 dias (6 meses) e quando viu vencer o período, no mês de Setembro, o prefeito voltou a decretar a prorrogação do estado de calamidade pública em Belém, por mais 180 dias, indo dessa vez até março de 2022.
No estado de calamidade, a prefeitura fica livre para extrapolar o limite dos gastos públicos e de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, sob a justificativa de desenvolver ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
Para se ter ideia do que é possível durante esse período, por exemplo, foram feitas dispensas de licitação nos contratos para compra de bens e contratação de serviços, supostamente necessários à execução de medidas que foram consideradas urgentes.