sábado, abril 1, 2023
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Na Pratinha 2, alunos da Escola Municipal Cordolina Fonteles se revezam para estudar, diz Sintepp

Na pratinha 2, periferia de Belém, os cerca de 400 alunos da Escola Municipal Cordolina Fonteles têm sentido o sabor amargo da terceira passagem de Edmilson Rodrigues (Psol) pela Prefeitura Municipal de Belém.

Mais uma denúncia chega ao Portal Diógenes Brandão e dá conta que a obra de manutenção predial, no valor de R$ 306.181,09, arrasta-se desde maio de 2021, o que faz com que alunos, professores e servidores do quadro administrativo se virem para garantir os estudos mesmo em um ambiente inadequado. A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp-Pa).

REVEZAMENTO

Já são 15 meses de uma obra que não termina e tanto prejudica o desenvolvimento pedagógico de centenas de crianças e adultos em uma área socialmente carente. De acordo com o professor de Educação Física Carlos Eduardo da Silva, 50, que tenta ministrar aulas aos pequenos estudantes, duas salas estariam desativadas e com isso turmas têm que se alternar, diariamente, nas atividades escolares, e para isso têm utilizado a sala destinada à Educação Especial. A situação prejudicaria, por sua vez, estudantes especiais, que acabariam ficando sem atendimento. Banheiro para os alunos especiais, sala de informática e biblioteca também estariam comprometidos e sem poder ser utilizados.

FONTELES

Cordolina Fonteles foi mãe de Paulo Fonteles. Figuras históricas da esquerda paraense e que tanto motivaram lutas sociais em favor dos menos afortunados, os dois devem estar estarrecidos com a realidade da unidade de ensino que carrega o sobrenome Fonteles, inaugurada, inclusive, por Edmilson Rodrigues, em 2001. Na escola são mantidas turmas de Educação Fundamental menor, Jardim e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

QUADRA DE ESPORTES

Até que a direção da escola e a Secretaria Municipal de Educaçao (Semec) expliquem o atraso na obra e apresentem as medidas para corrigir o problema, as turmas se viram para realizar as atividades desportivas, pelo menos quando não chove. As falhas na cobertura e o entupimento da calha têm molhado a quadra durante as chuvas, impossibilitando a atividade física. O espaço nunca teria passado por uma reforma.

Segundo o Sintepp Belém, que faz monitoramento das escolas municipais e estaduais na Região Metropolitana de Belém, o problema na unidade de ensino é crítica. “A situação vai de mal a pior” diz a professora Miriam Sodré, secretária geral da entidade.”É um absurdo que as crianças, filhos de trabalhadores, do povo pobre, não tenham um espaço adequado para recreação e educação física”, disse.

“Os professores de Educação Física não sabem mais o que fazer, além do improviso, para dar uma aula de qualidade a essas crianças. É escandaloso que a Prefeitura de Belém e o Governo do Estado afirmem em suas propagandas que está tudo bem na educação. Mentirosos, são todos mentirosos”, destaca. Miriam, que também é dirigente sindical, aponta que falta valorização profissional, condições de trabalho, falta merenda escolar, “a única coisa que não falta é vergonha na cara de quem está no comando da educação na Semec e na Seduc”.

SUCATEAMENTO E HORÁRIO DE EXPEDIENTE

Ainda sobre a quadra de esportes, o professor Carlos da Silva lista outras questões de sucateamento e ausência da direção da escola. “Cestas, traves e alambrados sumiram. A quadra está só buracos e temos que ter cuidado no momento de ministrar as aulas”, revela Carlos, que integra o Sintep-Pa. Ele revela ainda que o atual diretor não estaria cumprindo o horário regular de expediente, que seria das 8h às 17h, mas sim ficando apenas três horas na unidade de ensino, das 11h às 14h.

“DIÁLOGO FALSO”

Sobre os problemas na escola Cordolina Fonteles, Carlos da Silva que é filiado ao Psol, diz que a atual gestão mantém um “diálogo falso”. “No momento em que não convém para eles (administração), somos retirados”, critica sobre o fato de muitos educadores terem sido escolhidos pela comunidade, mas não assumirem por discordância à maneira de governar da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues. “Quem administra é Helder Barbalho, Cassio Andrade, Edmilson Rodrigues virou peça decorativa, ainda tem o pessoal da Primavera Socialista”, dispara.

DENÚNCIA

O Sintepp Belém prepara denúncias para o Ministério Público Estadual e para o Conselho Municipal de Educação, solicitando providências. “Não conseguimos visitar nem 15% das escolas e o retrato que temos da situação é desolador. É impossível educar nessa situação”, concluiu Miriam Sodré.

Sobre a denúncia da obra na escola Cordolina Fonteles, enviamos um pedido de nota à Ascom da Semec (com cópia à Comus), que informou o seguinte em nota:

“A Secretaria Municipal de Educação (Semec) informa que a empresa contratada para a reforma da Escola Municipal Cordolina Fonteles, localizada na Pratinha, não cumpriu o contrato firmado com a administração municipal. 

A Semec está tomando as medidas jurídicas cabíveis com vistas à contratação de uma nova empresa para realizar as obras de reforma na escola.

Informa, ainda, que não há registro na Semec de ausência da direção da escola. A gestão escolar da unidade funciona nos turnos da manhã, da tarde e da noite”.

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