quarta-feira, junho 7, 2023
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MPF cobra explicações a ministério sobre crimes contra crianças na ilha de Marajó denunciado por Damares

Sem apresentar provas, a ex-ministra de Bolsonaro que se elegeu senadora afirmou em culto que menores tinham seus dentes arrancados para que não mordessem "na hora do sexo oral". Na ação apresentada ao STF, o grupo "Prerrogativas" informa à Corte sobre a ocorrência de "fatos graves" e pede a instauração do procedimento cabível e a determinação de medidas investigatórias para apuração de suposto crime de prevaricação por parte da ex-ministra.

O Ministério Público Federal do Pará pediu informações, nesta segunda-feira, à secretaria executiva do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) acerca dos supostos crimes contra crianças denunciados pela ex-ministra da pasta e senadora eleita, Damares Alves (Republicanos-DF). Um grupo de juristas também acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu que sejam apuradas as declarações de Damares.

Veja o vídeo em que Damares faz as graves denúncias, mas não diz que providências foram adotadas para combater os crimes que ela disse ter tido conhecimento, junto com o presidente:

Ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, disse em culto de sua igreja, na frente de diversas crianças que tomou conhecimento e informou ao presidente de crianças sendo estupradas e que teriam os dentes arrancados.

O órgão também solicitou por meio do ofício saber quais as providências foram tomadas pela pasta ao descobrir os casos e se uma denúncia foi feita ao MPF na época.

Em um culto no último sábado, na igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), Damares afirmou, sem apresentar provas, que crianças na Ilha de Marajó (PA) são traficadas e têm seus dentes “arrancados pra elas não morderem na hora do sexo oral”, além de só comerem “comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.

A declaração da ex-ministra foi compartilhada nas redes sociais pelo deputado federal eleito Mario Frias (PL-SP). Na gravação, Damares diz ter descoberto o caso durante sua passagem no Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos.

A publicação compartilhada por Frias nesta segunda-feira já chega a 60 mil curtidas e mais de 2,6 mil comentários. Veja abaixo:

— Sobre a Ilha de Marajó, todo mundo pergunta: por que Bolsonaro está fazendo o maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó? Porque ele tem uma compreensão espiritual que vocês não têm nem ideia. Fomos para Ilha do Marajó, e lá nós descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá. Marajó faz fronteira com o mundo, Suriname, Guiana. Vou contar uma coisa pra vocês que agora posso falar: nós temos imagens de crianças brasileiras com 4 anos, 3 anos que quando cruzam as fronteiras são sequestradas — diz Damares.

Ainda segundo a senadora eleita, Bolsonaro teria sido alvo de ataques por combater abuso sexual contra as crianças:

— Os seus dentinhos são arrancados pra elas não morderem na hora do sexo oral. Essa nação que a gente ainda tem irmãos. Nós descobrimos que essas crianças, elas comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal. Bolsonaro disse: ‘Nós vamos atrás de todas elas e o inferno se levantou contra esse homem. A guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política. É uma guerra espiritual — completou a ex-ministra, sem apresentar indícios para as declarações.

Ação no STF

Na ação apresentada ao STF, o grupo “Prerrogativas” informa à Corte sobre a ocorrência de “fatos graves” e pede a instauração do procedimento cabível e a determinação de medidas investigatórias para apuração de suposto crime de prevaricação por parte da ex-ministra. Integrantes do grupo são próximos da campaha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os advogados afirmam que se for verdade que, conforme narrado no discurso de Damares, ela e o presidente da República tiveram conhecimento dos fatos, mas só agora trouxeram ao conhecimento público, “sem terem tomado qualquer providência, deve-se apurar a prática do crime de prevaricação”.

“Portanto, se as estarrecedoras declarações forem verdadeiras, tanto a então ministra DAMARES REGINA ALVES, quanto o presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO, devem explicar as providências tomadas para apuração de tamanhas atrocidades”, afirmam.

Por isso, pedem a expedição de ofício ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, da qual Damares foi titular até este ano, para que informe se é verídico o teor das declarações proferidas por ela. O grupo ainda solicita que sejam informadas ao STF as medidas tomadas à época para apuração dos fatos.

Via OGlobo

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