A maioria das esposas de políticos não participa, ou simplesmente não se envolve na vida pública ou do mandato de seus cônjuges.
Sem querer avaliar ou julgar o que as levam a esse comportamento, o certo é que poucas são aquelas que decidem acompanhar seus maridos e muitas vezes, tomar as rédeas de seu espaço na vida pública e adentram no mundo da política, conquistando seu lugar com autonomia e independência.
Uma das pioneiras neste segmento é a deputada federal Elcione Barbalho (MDB), que no auge dos seus 77 anos, cumpre o sexto mandato parlamentar em Brasília e conta com uma ampla experência acumulada pelos inúmeros cargos que assumiu, tanto no governo do estado, quanto na iniciativa privada e em entidades de assistência social.
Elcione Barbalho foi primeira-dama do estado do Pará nos períodos de 1983-1987 e 1991-1994, enquanto esteve casada com Jader Barbalho, com quem teve dois filhos: Jader Fiho e Helder Barbalho. Um dedica a vida à gestão dos negócios da família, tendo uma participação ativa, porém mais discreta na política. Já o irmão, Helder, desde muito jovem trilhou o caminho dos pais, sendo vereador, prefeito de Ananindeua e hoje é o governador do Pará, tentando a reeleição este ano.

Em 1996, Elcione tentou ser prefeita de Belém, mas não foi eleita, bem como em 2002, quando disputou uma vaga ao senado, mas também não teve êxito. Foi então que foi eleita vereadora de Belém em 2004, ficando neste cargo até 2006, quando disputou novamente uma vaga de deputada federal, onde se mantém até hoje e pelo que tudo indica lutará para manter sua cadeira em Brasília e ajudar na reeleição do filho.
NÃO BASTA ACOMPANHAR, TEM QUE PARTICIPAR
A exemplo de Elcione, outras esposas de políticos também se apresentam para disputar uma vaga de deputada federal. É o caso das novatas Andréia Siqueira, Alessandra Haber e Lena Ribeiro.
Em sua primeira mensagem após a virada do ano novo, o prefeito de Tucuruí, Alexandre Siqueira (MDB) aproveitou a oportunidade para anunciar que sua esposa, a primeira-dama, Andréia Siqueira é pré-candidata a deputada federal nas eleições deste ano.
Tendo assumido a Secretaria Municipal de Assistência Social de Tucuruí, Andréia Siqueira arregaçou as mangas e foi pra cima das ações sociais da prefeitura, levando pessoalmente diversas cestas de alimentos para comunidades carentes do município.

Em Ananindeua, a esposa do prefeito Dr Daniel Santos (MDB) já é tida como uma das possíveis candidatas mais votadas em 2022, pois Alessandra Haber não se contentou em ser a primeira-dama do segundo maior município paraense e vem viajando o estado na busca de apoio por onde passa.
Em 2021, Alessandra idealizou o projeto Ananin Solidária, que sob sua coordenação já arrecadou e distribuiu toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. Médica, ela mantém uma rotina de dedicação à família, já que tem dois filhos ainda crianças, mas não abre mão de correr em busca de seu objetivo eleitoral.

RETRIBUIÇÃO
Seja ao lado ou até sozinha, Lena Ribeiro vem ajudando o marido a fazer o melhor que pode, nestes seis (6) mandatos de deputado federal de Nilson Pinto (PSDB).
Algumas vezes, independente dele estar presente, Lena conta com o apoio das bases eleitorais do esposo, as quais tão bem conhece – por fazer questão de visitar – sempre dialogando com prefeitos, vereadores, deputados estaduais e demais lideranças políticas.
Agora é a vez dela assumir a dianteira e dar continuidade ao trabalho, pois por recomendação médica, Nilson Pinto está se aposentando da carreira parlamentar e agora vai se dedicar em ajudar a esposa na tarefa de representar seus eleitores na Câmara dos Deputados.

NOVATAS SIM, MAS POTENTES
Além de terem maridos na política, uma das coincidências entre as esposas aqui citadas é que todas estão se lançando logo de cara, à disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados, o que exige com que venham se esforçando em busca de apoio de prefeitos, vereadores, candidatos às vagas de deputados estaduais, além de lideranças políticas e comunitárias.
Outra característica entre as três é a garra em fazer política ao lado e independente do marido, pois ao escolhrem disputar processos eleitorais e, por consequeência, a vida parlamentar, além de terem que ter muita dedicação própria e autonomia, precisarão abrir mão de preciosos momentos de convívio familar.
Por isso, muitas vezes algo que é considerado de forma pejorativa, ser “mulher de político” não é apenas ter uma vida de glamour e regalias. Ao contrário do que muita gente imagina, gestores públicos e parlamentares sacrificam certos momentos ao lado de seus conjugues para estarem reunidos com apoiadores, em reuniões infindáveis e com pouco tempo dedicado à família.
Dito isso, as pré-candidatas citadas neste artigo bem que poderiam se contentar com a vida em seus lares ou no exercício de suas profissões, mas não aceitaram a condição de coadjuvantes e estão em busca de afirmação pessoal e de seu protagonismo político e profissional.