Por Glauco Alexander Lima*
Acompanhando as repercussões e revelações geradas pela morte da Marília Mendonça, percebi que essa moça era uma ilha e virou mar.
Era uma ilha enorme.
Maior que o Marajó, Nova Guiné ou a Groenlândia.
Uma ilha onde cabiam milhões de pessoas e todo dia se expandia, como essas erupções vulcânicas que aumentam territórios.
Ao morrer tão jovem, tão absurdamente, Marília virou mar, virou oceânica.
A notícia e o farto noticiário sobre o falecimento dela, a fizeram conhecida além dos limites da ilha, do seu nicho de mercado ou da sua bolha, para usar um termo recorrente nestes tempos de comunicação online.
Quem já conhecia, conheceu mais, quem não conhecia, descobriu uma ser humano mais relevante do que seus sucessos populares.
A carreira ainda muito curta, embora intensa, não permitiu que mais gente ouvisse a Marília.
O impacto brutal da morte aos 26 anos permitiu que a ondas do Marilia chegassem a praias onde nunca se tinha ouvido seus sons, seus tons, seus posicionamentos, seu estilo e suas superações.
Só quem não escuta o Brasil-verdade pode dizer que nunca ouviu Marília Mendonça e todos esses astros do sertanejo, da sofrência e do piseiro.
Essa é hoje música popular brasileira, seja num boteco em Altamira, numa noitada em Itumbiara ou num casamento em Criciúma.
Para os que não a conheciam ou pouco sabiam, quando ficam sabendo de mais fatos da vida dessa moça, constatam que a tragédia foi muito maior do que a já trágica morte precoce.
Mesmo no universo do gênero musical dela, Marília era uma ilha feminina, num arquipélago de imensas e poderosas ilhas de homens.
O tempo fará o choque amenizar, as marés vão baixar, Marilia talvez volte a ser uma ilha, mas sempre será lembrada como mar.
*Glauco Alexander Lima é formado pela Universidade Federal do Pará UFPA em Comunicação Social. É membro da Associação Brasileira de Consultores Políticos – ABCOP e redator de propaganda, planejador e criador de comunicação, tendo vasta experiência em coordenar campanhas eleitorais.