No dia 17 de Maio, dona Zely Aparecida Ribeiro da Silva, 41 anos, mãe de Mateus Gabriel foi abraçada pelo governador Helder Barbalho, quando este visitou Xinguara, cidade abalada com o crime. Lá, o governador se comprometeu a direcionar todo o aparato das forças de segurança do estado para elucidar o caso e encontrar o jovem, mas até hoje a família nunca mais recebeu nenhuma informação do paradeiro da vítima e nem das investigações sobre o crime bárbaro.
Seu caso é mais um dos 76.418 registros de pessoas desaparecidas que constam do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Pessoas (Sinalid), produzido pelo Ministério Público brasileiro, o maior banco de dados do tipo no país, informou a jornalista Maria Tereza Cruz, fez uma detalhada matéria jornalística sobre o caso na Revista Piauí.
Fortemente abalada, mas com forças que parecem sobrenaturais, Zely Aparecida contou com a ajuda de amigos e familiares para ir até Marabá, onde o presidente Jair Bolsonaro esteve, na última visita que fez ao Pará.

ÚLTIMAS BUSCAS
Com informações de que supostamente o jovem Mateus poderia estar enterrado em um cemitério público, a equipe de polícia da delegacia de Xinguara-PA – comandada pelo delegado José Orimaldo Silva Farias – passou a tarde do dia 22 de Junho verificando a existência de covas e sepultamentos, aos quais visivelmente possam ter ocorrido no mês de fevereiro de 2021, em especial, sem determinar o sujeito sepultado.
Os sepultadores foram intimados a prestar esclarecimento sobre os acontecimentos no mês de fevereiro, quando Mateus Gabriel sumiu. Todas as covas localizadas de sujeitos não identificados foram verificadas, mas não encontrou-se nenhuma evidência de que Mateus Gabriel tenha sido enterrado no local.
ENTENDA O CASO
Na noite do dia 03 de Fevereiro de 2021, as 23:30, durante uma abordagem, da GTO, do 17° Batalhão da Polícia Militar de Xinguara, o jovem Mateus Gabriel, foi parado, espancado, torturado e desaparecido, juntamente com sua moto. Desde esta data sua Mãe, dona Zely, trava uma luta desigual contra o sistema, em busca de seu filho.
Graças à coragem de testemunhas, os suspeitos de serem autores do crime foram identificados: São os cabos André Pinto da Silva, Wagner Braga Almeida, Dionatan João Neves Pantoja e Ismael Noia Vieira, todos lotados no Batalhão da Polícia Militar de Xinguara. Os quatro policiais foram indiciados e presos, mas resolveram não falar nada até o julgamento e permanecem custodiados no presídio Coronel Anastácio das Neves, em Belém.
Zely sente que há má vontade por parte do comandante do 17º BPM de Xinguara, o tenente coronal Keythson Valente Gaia, que disse à imprensa: “temos colaborado e dado total apoio às investigações, quando requisitado pela Polícia Civil. Estamos aguardando a manifestação do MP para podermos tomar qualquer medida sobre o caso”. No entanto, a mãe do jovem desaparecido reclama do oficial, que segundo ela comanda o policiamento em Xinguara, mas não se empenha o suficiente para ajudar nas investigações sobre seu filho.

A mãe do jovem desaparecido já buscou apoio na classe política, nos órgãos ligados à justiça e direitos humanos, e alguns veículos de comunicação. Poucos deram notoriedade à ocorrência: A corregedoria da PM, a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, o Secretário de Segurança Pública do Pará e alguns deputados que deram apoio verbal à mãe em sua luta, mas ela continua sem ter informações por parte do comando das investigações.
O blog AS FALAS DA PÓLIS foi o primeiro veículo de imprensa da capital paraense a relatar o caso com detalhes e cobrar das autoridades e demais profissionais da imprensa local, o empenho para buscarem as respostas para o crime, que tanta tristeza trouxe aos amigo e familiares do jovem Mateus Gabriel. Leia aqui.
APOIO DAS AUTORIDADES
Recentemente dona Zely buscou apoio do governador Helder Barbalho em uma visita a Xinguara, porém, o governador que prometeu empenho nas buscas do seu filho, até hoje não retornou com nenhuma resposta.
No último dia 18 de Junho de 2021, dona Zely se deslocou até à cidade de Marabá, onde durante um evento foi recebida pelo presidente Jair Messias Bolsonaro. O deputado federal e Delegado Eder Mauro (PSD), recebeu toda a documentação referente ao processo e se comprometeu a acompanhar o andamento do caso.
“Na segunda-feira, 29 de Abril, o promotor militar Armando Brasil denunciou os quatro PMs e pediu a prisão preventiva deles. O juiz Lucas do Carmo de Jesus, da Vara Única da Justiça Militar do Pará, aceitou a denúncia e determinou também a apreensão dos aparelhos celulares dos acusados. “Há demonstração da materialidade e indícios de que os denunciados agrediram fisicamente o ofendido para obter a confissão de crime, submetendo-o a intenso sofrimento físico e psíquico, o que se pode concluir a partir da escuta dos áudios juntados aos autos, já referidos acima, que relevam uma pessoa chorando e gritando enquanto está sendo espancada”, escreveu o juiz na decisão. Os acusados foram presos na noite de terça-feira (30) em Xinguara e levados para o Presídio Coronel Anastácio das Neves, em Icoaraci, distrito de Belém”, informou a revista Piauí, na matéria “Devolvam meu filho”.