O anúncio da desistência da candidatura do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) à Presidência da República abriu uma “guerra” dentro do partido, informa Vera Magalhães, do jornal O Globo.
Aliados do vice de Doria, Rodrigo Garcia (PSDB), prometem promover o impeachment do governador “em tempo recorde” na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se ele permanecer no cargo.
A candidatura presidencial de Doria o obrigava a deixar o governo do estado para iniciar a campanha. A administração paulista, portanto, ficaria sob as mãos de Garcia. Com o recuo, porém, Garcia permanecerá sem o controle do governo, o que irritou o vice e seus aliados.
Doria ainda não anunciou oficialmente sua desistência. A previsão é de que ele torne sua decisão pública ainda nesta quinta-feira (31). “Seria uma carnificina a céu aberto no Estado que os tucanos governam desde 1995 ininterruptamente — na verdade, a única seção em que o PSDB ainda é de fato um partido grande”, escreve Vera Magalhães.
“Eduardo Leite e um forte palanque com Jatene”
Com a provável desistência do governador João Doria (PSDB) à candidatura à Presidência da República, os holofotes se voltam à configurações de alguns Estados, caso do Pará, onde o chefe do Executivo paulistano já esteve pedindo apoio ao governador Helder Barbalho (MDB) à concorrida eleitoral de 2022.
O site de notícias Diógenes Brandão tentou contato com deputado federal Nilson Pinto, presidente estadual do PSDB, no Pará, a fim de repercutir a possível saída de Doria, que deve ser anunciada nesta quinta-feira (31). Até o momento, não conseguimos contato com o deputado.
O cientista político Edir Veiga, que é professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa) desde 2004, aponta o surgimento de interrogações na configuração política paraense diante da decisão de Doria: o surgimento de um forte palanque de Eduardo Leite com o apoio de Jatene, em outro partido? A volta de Jatene ao ninho tucano?
Para Veiga, antes que se molde novas configurações e alianças locais, deve-se aguardar as alianças em nível nacional, e entre elas está àquela ligada à movimentação da pré-candidata Simone Tebet (MDB), que tem aparecido com índices baixos nas pesquisas. A atenção está na possibilidade de Tebet buscar o apoio do ex-governador Eduardo Leite, que permaneceu no PSDB, apesar de ter renunciado o governo gaúcho.
“O Eduardo Leite tem índices baixos nas pesquisas, mas vejo com mais condições de unificar os tucanos, e isso pode levar alterações na configuração política dentro do Pará, mas temos que aguardar as movimentações no plano nacional”, analisa Veiga. Se Eduardo Leite for o candidato à presidência pelo PSDB, não quer dizer que haja mudança dos tucanos, encabeçado por Nilson Pinto, no apoio à reeleição de Helder Barbalho. “Isso é irreversível”. “Os políticos poucam ligam para as alianças formais, eles são mais pragmáticos”, disse.