“Ele foi apelativo demais!”. Foi com essa frase que a diretora de uma escola da rede estadual de ensino de Belém resumiu o que ouviu do governador Helder Barbalho, durante o lançamento dos programas “Bora estudar” e “Escola que transforma”, na manhã desta segunda-feira, no auditório da SEDUC.
Prometendo pagar professores e alunos que conseguirem atingir metas que retirem a educação pública do Pará da lista entre os estados com os piores índices da educação básica do país, medida de dois em dois anos pelo INEP, órgão vinculado ao Ministério da Educação, o governador paraense mostrou o quanto está desesperado e empenhado para dar um upgrade nos números negativos da educação pública do Pará.
“Nós estamos disponibilizando R$ 350 milhões neste movimento, que envolve desde a meritocracia da gratificação e da bonificação, até a oportunidade do acesso ao crédito habitacional para o melhoramento das unidades de cada família contemplada”, disse Helder durante sua fala, a qual chamou de apelo.
ANTIGO CHEQUE MORADIA
O pagamento na verdade não será para o aluno e sim para seus pais ou responsáveis, através de um auxílio financeiro de R$ 10 mil por turma, que será convertido em crédito do programa “Sua Casa”, para aquisição de materiais de construção para reforma e ampliação da residência da família do estudante. A expectativa é atender cerca de 19 mil estudantes da rede, em todos os 144 municípios paraenses, sendo que seus pais e responsáveis é que serão contemplados pela COHAB.
PROJETO COPIADO
A ideia de pagar para obter melhorias na educação pública estadual não é nada original. Trata-se de um plágio de outros governos, como do Paraná, onde o governo estadual criou uma bonificação para todos os profissionais das unidades de ensino que atingirem ou ultrapassarem a meta do Ideb estipulada pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed), incluindo diretores, professores, pedagogos, merendeiras e profissionais administrativos.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) se posicionou contra a proposta do Governo do estado de bonificar em R$ 3 mil os funcionários de colégios da rede estadual que atingirem metas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
“No nosso entendimento isso não é política pública, principalmente política pública de educação. Nós entendemos que está havendo uma distorção na função social da escola e na educação enquanto direito universal de todos e de todas”, critica a secretária Educacional da APP-Sindicato, Vanda Santana.
No Pará, até agora o SINTEPP não se manifestou sobre os programas de remuneração para profissionais da educação e alunos alcançarem as metas estabelecidas pela SEDUC-PA.
Ninguém morre de estudar mais, por dois meses. Morre de outra coisa. Se não dá pra estudar por convencimento, que estude por dinheiro.
Helder Barbalho, governador do estado do Pará.
No plano de Helder Barbalho e do secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares, os estudantes e todo o corpo escolar deverão se esforçar para em apenas dois meses, realizar todos os esforços para melhorar a nota do estado nas próximas provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica, que serão aplicadas em todo o país, entre os dias 23 de outubro a 10 de novembro de 2023.
Com toda certeza não será essa bonificação que irá melhorar o IDEB do Pará.
André Mendes, gerente do portal Ver-o-Fato, no grupo 4º Poder.
O primeiro passo é uma mudança na gestão administrativa e pedagógica das escolas públicas. Se o modelo privado é o ideal ou melhor que o público eu não vou opinar, mas o fato é que os professores das escolas públicas e privadas receberam a mesma formação, e os professores das escolas públicas ganham, em média, o mesmo, ou até um pouco mais, que os professores das escolas privadas. E tem estabilidade no emprego.
Então por que será que a nota média das escolas privadas e superior a nota das públicas?
Na minha avaliação, só resta a gestão.
Detalhe é que as escolas privadas já atingiram a algum tempo a nota- referencia mínima pelo padrão OCDE, que é 6, para ser considerada educação de qualidade.
SEDUC publica os critérios do programa:
– Para o 5º ano do ensino fundamental, a meta proposta é de 5,7, para o 9º ano do ensino fundamental é de 4,7. Já para o terceiro ano do ensino médio a média é 4,0;
– A escola que crescer 0,10% terá premiação de 10%;
– A escola que atingir a meta do Ideb 2023, receberá um salário adicional;
– Todos os servidores das melhores escolas de cada região de integração também receberão a premiação de bonificação de 100% do salário, ao terem o melhor desempenho no Saeb;
– DREs – ao atingirem as metas, os servidores poderão receber até três salários equivalentes ao vencimento específico do cargo.
– Servidores da sede da Seduc – ao atingirem a meta no Estado, poderão receber até 3 salários equivalente ao vencimento específico do cargo.
O que é Ideb?
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um indicador de qualidade do ensino fundamental e do ensino médio. Foi criado em 2005 pelo MEC, que o divulga, desde então, a cada dois anos.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulga o Ideb de cada escola, município e estado. Além de calcular as médias, o órgão detalha o desempenho das redes municipais, estaduais, públicas e privadas.
Os índices são sempre calculados em três etapas da educação básica:
- anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano);
- anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano);
- ensino médio.
Como o Ideb é calculado?
O Ideb é um índice de 0 a 10, calculado com base em dois fatores:
- índices de aprovação/reprovação dos alunos e de abandono dos estudos, medidos no Censo Escolar;
- notas em provas de português e de matemática no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
Para ter um bom Ideb, é preciso ter baixas taxas de reprovação e de abandono de estudos, além de resultados satisfatórios no Saeb. Essa avaliação é aplicada sempre no fim de cada etapa escolar: 5º e 9º ano do ensino fundamental, e 3º ano do ensino médio.
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