O título deste artigo especial sobre o processo eleitoral no Pará é fruto de uma pergunta feita por diversos internautas nas redes sociais, que levam à dúvida sobre o que teria levado Mário Miranda se filiar no PTB, partido que no Pará presta apoio a Helder Barbalho (MDB), adversário político dele nas últimas eleições.
No intuito de esclarecer nossos leitores, que buscam esse portal de notícias por reconhecer que somos um dos que melhor analisa os acontecimentos políticos do estado, acionamos nossa redação e fomos a campo ouvir os principais players do mundo político, assim como, assessores e colaboradores que nos deram suas opiniões e informações, podendo assim trazer até você não a opinião do nosso redator, mas sim tudo que foi checado e ouvido por nossa equipe de jornalismo.
É claro que o fato do PTB, que no Pará é dirigo pelo ex-deputado Josué Bengtson, aliado do governador Helder Barbalho ser o partido escolhido por Márcio Miranda para ser seu novo “lar” político, gerou especulações e agitou as redes sociais, onde todos têm um parecer e julgamento pré-estabelecido, ou melhor, uma verdade para expressar.
Entre as ilações compartilhadas, a narrativa de que Márcio Miranda estaria indo para a base de Helder e assim a turma da lacração não perdeu tempo em concluir: “Tá tudo dominado!”. Ocorre que a escolha de Márcio não foi uma escolha fácil e nem tão pouco rápida, já que a abertura da janela partidária iniciou em 3 de março e terminou ontem, sábado, 2 de abril. Márcio usou suas redes sociais para comunicar a decisão, por volta das 16h.
Para explicarmos melhor a filiação mais importante e esperada pela sociedade paraense neste cenário de pré-campanha, onde agora sim, o tabuleiro eleitoral está montando, como em um jogo de xadrez, onde todas as peças estão em seus lugares, prontas para iniciar a partida, é necessário que o leitor entenda os movimentos feitos pela fragamentada oposição ao governo de Helder, o qual é apontado como responsável por acoimar o ex-governador Simão Jatene, hoje com 73 anos e que na última quinta-feira, 31, acabou “jogando a toalha” e comunicou sua desistência de concorrer ao pleito eleitoral em Outubro deste ano, sem deixar de esclarecer no vídeo publicado em postagem da página Política Pará, que reproduziu o conteúdo postado nas redes sociais do ex-tucano, que mais tempo governou o estado, no caso, por três (03) mandatos e hoje sofre as sanções oriundas de uma interpretação judicial por causa do “Cheque Moradia”, o qual foi julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro de 2021, data em que confirmou-se a inelegibilidade de Jatene até 2022.
A decisão levou em consideração os argumentos dos advogados do MDB paraense, que alegaram que Simão Jatene abusou do poder econômico e político realizado durante as eleições de 2014, quando o então governador disputava a reeleição e acabou derrotando Helder Barbalho.
“A decisão do TSE, unânime, acompanhou o entendimento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará, que condenou Jatene pelo uso do programa governamental “Cheque-Moradia”, em 2014, como sendo uma ação de distribuição de recursos com finalidade eleitoral – os valores usados no período eleitoral triplicaram, segundo análise da Corte“, escreveu o colunista de OLiberal, Rodolfo Silva Marques, que chegou a supor que Jatene estaria anunciando sua aposentadoria política, o que nossas fontes afirmam ser muito difícil de acontecer, pois o ex-tucano tem dito que vai lutar com todas suas forças e recursos para recorrer e anular a condenação judicial, a qual considera injusta.
Fui considerado inelegível, só podendo concorrer sub judice. Fui julgado inelegível, não por corrupção, é bom que isso fique claro, tão pouco por assalto aos cofres públicos, compras superfaturadas de bens inservíveis, ou tentativa de calar pessoas e destruir reputações. (…) Fui julgado por executar um programa social. Um programa social (Cheque Moradia) que já existia por uma década e atendeu sempre a população menos favorecida. Inclusive sendo considerado por isso, referência nacional. Por tudo isso e em respeito ao apoio e apelo das pessoas de bem, que buscam uma alternativa ao descalabro e manipulação que vivemos no estado, por uma questão de responsabilidade, eu não devo assumir candidatura (…)
Simão Jatene, ex-governador do estado do Pará
Para compreender a fala de Jatene, precisamos lembrar da última aparição pública do ex-governante, no sábado, 19 de Março, no hotel Radisson (da família Maiorana), onde os deputados estaduais Delegado Toni Cunha (PTB ) e delegado Caveira (PP) estiveram presentes com outros opositores do governador Helder Barbalho, acompanhando a filiação do delegado Eguchi, bem como do filho do ex-deputado federal Wladimir Costa, Yorran Costa; do ex-tucano José Megale; Evaldo Bichara, ex-coordenador estadual de Saúde Bucal no governo de Simão Jatene, e do ex-prefeito de Oriximiná Delegado Fonseca, entre outros.
Neste dia, Jatene fez novamente uma fala dura contra o atual governador e muitos profissionais da imprensa paraense concluíram que o evento sinalizava para a retirada do PTB da base de Helder e do controle de Josué Bengston, que cunhou a frase: “Sou Bolsonaro lá e Helder aqui”.
Logo, nossas fontes informavam que o presidente estadual do PTB estava sinalizando que diante do governo Helder e de Bolsonaro, a saída seria liberar seus filiados para que decidam quem apoiar e por isso, o partido não irá coligar com o MDB, condição apresentada por Márcio Miranda para escolher o partido que ele entraria, tal como aconteceu.
O acordo foi testemunhado por apoiadores de Márcio Miranda, que o querem como candidato ao senado, que confidenciaram ao nosso jornalismo que não se sentem representados por nenhum dos pré-candidatos até aqui apresentados à população, como Beto Faro, Manoel Pioneiro, entre outros.
“Ao que tudo indica ele não vai apoiar nem Zequinha Marinho e nem Helder Barbalho na disputa ao governo estadual”, informou o portal Agora Pará.
HISTÓRICO
Márcio Desidério Teixeira Miranda, Márcio Miranda ou simplesmente MM – como é chamado entre amigos – é médico e Capitão da Polícia Militar (reserva). Em 2002, a convite do ex-governador Dr. Almir Gabriel foi eleito deputado estadual pela primeira vez e mais quatro vitórias consecultivas, tendo saído de uma delas como o mais votado no Pará e o único na história do parlamento estadual a ter sido eleito por três vezes consecutivas, como presidente da ALEPA, de onde saiu para disputar a eleição com Helder Barbalho (MDB) e quase foi eleito governador em 2018, tendo alcançado mais de 45% dos votos, num segundo turno que mexeu com o eleitorado paraense e entrou para a história política do estado.Agora, Márcio avalia se vem candidato a deputado federal, ou se disputa a única vaga de senador, altamente disputada por outros concorrentes.
Como presidente da ALEPA, Márcio Miranda tirou os carros que eram ofertados para o transporte dos deputados e seus assessores. Cancelou o pagamento do 14º e do 15º salário dos parlamentares, bem como enterrou o Instituto de Previdência, que garantia cerca de R$6 mil reais por mês para cada um dos deputados estaduais.
Ou seja, foi o presidente que teve a coragem e habilidade política para cortar as maiores regalias existentes na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, tirando-a das páginas policiais, após uma sequência de escandalos de corrupção.
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