quinta-feira, março 30, 2023
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Chacinas e massacres em Eldorado, Altamira e Marabá presentes no mapa do Instituto Lula

Matéria postada na última sexta-feira (20) no site do Instituto Lula sob o título ‘Barbárie em Altamira expõe impunidade de massacres’ mostra, pelo Brasil, casos emblemáticos de conflitos no contexto da violência urbana, mas também pela disputa da terra, sobretudo.

Na abertura, o conteúdo do Instituto Lula apresenta números da recente chacina, ocorrida no município altamirense. Contudo, o texto não menciona o episódio batizado de ‘massacre de Altamira’, segunda chacina na gestão Helder Barbalho, somente naquele município do sudoeste paraense, quando 62 detentos morreram após um conflito entre facções. O fato se deu em julho de 2019 no Centro de Recuperação Regional de Altamira. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou superlotação e péssimas condições na unidade prisional.

ALTAMIRA E TRAÇOS BRUTAIS DOS REGISTROS

Ao menos 12 pessoas morreram nas últimas duas semanas na cidade de Altamira, no Pará. Entre as vítimas, José Marcelino de Sousa, que trabalhava na Associação de Moradores da Reserva Extrativista do Rio Iriri (Amoreri), e teria sido morto a tiros dentro de sua residência.

Com quatro tiros, mãe e filha foram assassinadas na calçada de casa, no último dia 10. Dias depois, quatro pessoas foram executadas em um bar da cidade, após dois homens se aproximarem do local e efetuarem os disparos. No início de maio, o dono de uma barbearia também foi assassinado a tiros. 

O que todas as mortes têm em comum? A característica de execução e traços brutais de um massacre, em mais uma das muitas chacinas que se repetem na história do Brasil. 

É alarmante no país o índice de assassinatos em massa no meio urbano e, sobretudo, no meio rural, envolvendo crianças, mulheres, indígenas, camponeses e trabalhadores sem qualquer ligação com a criminalidade. Além da brutalidade, as chacinas geralmente vêm acompanhadas de grande impunidade, com dezenas de assassinos desfrutando da liberdade sem qualquer privação. 

Memorial da Democracia, museu virtual do Instituto Lula, possui em seu acervo um mapa dos massacres e chacinas pelo país. Seja nos estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul, os crimes carregam entre si um grande número de pessoas mortas simultaneamente ou em um curto prazo de tempo e, principalmente, a presença da impunidade.

Relembre as principais chacinas ao longo dos últimos anos no Brasil:

PARÁ

Massacre de São Bonifácio [1973]

Insatisfeitos com as condições de trabalho de Serra Pelada, mais de mil garimpeiros protestaram bloqueando o acesso à Ponte Mista de Marabá. A Polícia Militar do Pará e o Exército brasileiro cercaram os garimpeiros e atiraram com metralhadoras e fuzis. As pessoas se jogaram do vão de 76 metros da ponte, nove mortes foram confirmadas e dezenas de trabalhadores desapareceram. Ninguém foi acusado pelos crimes.

Massacre de Eldorado dos Carajás [Abril de 1996]

Mais de 1.500 trabalhadores rurais sem terra marcharam até a rodovia BR 155 – que liga Belém ao sul do Estado – em protesto contra a demora de desapropriação das terras da Fazenda Macaxeira. Mais de 155 policiais militares atiraram contra os manifestantes, assassinaram 19 trabalhadores rurais e feriram inúmeros outros. Foram acusados155 policiais do Pará, incluindo os comandantes das operações. 

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RONDÔNIA

Massacre de Corumbiara [Agosto de 1995]

Mais de 600 trabalhadores sem terra ocuparam a Fazenda Santa Elina, alegando que se tratava de um latifúndio improdutivo. Durante a madrugada, 119 pessoas, entre soldados da Polícia Militar com os rostos cobertos e pistoleiros armados, recrutados em fazendas da região, invadiram o acampamento e assassinaram 12 pessoas, entre elas uma criança. O número de mortos, segundo os sem terra, foi bem maior. Em torno de cem trabalhadores rurais teriam sido executados. Seus corpos foram escondidos. 

MATO GROSSO

Massacre de Matupá [Novembro de 1990]

Ivacir Garcia, Arci Garcia e Osvaldo José invadiram uma residência para praticar um assalto e fizeram de reféns as três moradoras da casa. Quando a Polícia Militar chegou ao local, os bandidos se entregaram. Entretanto, mesmo após a rendição, eles foram capturados por moradores da região, levados para a praça principal da cidade, espancados e queimados vivos. Os assassinatos foram filmados por um cinegrafista e o caso ficou conhecido mundialmente, com imagens de extrema violência.

SÃO PAULO

Massacre do Carandiru [Agosto de 1993]

Mais de 100 policiais entraram na cadeia sob o comando do coronel Ubiratan Guimarães, com a justificativa de conter uma rebelião. Presos foram espancados, esfaqueados e executados por rajadas de metralhadoras. Durante a operação, 111 detentos foram assassinados e os sobreviventes feridos foram obrigados a suplicar por suas vidas enquanto recebiam socos, chutes e facadas dos policiais. 120 policiais militares foram acusados, além do oficial que os comandava.

Com informações do Instituto Lula

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