terça-feira, junho 6, 2023
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Caso onde Bolsonaro defendeu deputado mandante de chacina volta com força na internet

“Quem nunca teve contato com marginal?”, perguntou Bolsonaro, quando era deputado, em discurso na tribuna da Câmara, em 1999. O hoje presidente disse que era contra cassação de colega que mandou matar parlamentar, afirmando que acusação “poderia ser contra qualquer um de nós”

Jair Bolsonaro (PL) defendeu o médico e ex-deputado Talvane Albuquerque, mandante dos assassinatos da deputada federal de Alagoas Ceci Cunha (PSDB), do marido dela Juvenal Cunha da Silva, do cunhado Iran Carlos Maranhão Pureza e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão. O crime ficou conhecido como “Chacina da Gruta” e ocorreu em 16 de dezembro de 1998, no bairro nobre da Gruta de Lourdes, em Maceió.

A deputada foi trucidada com tiros de metralhadora e espingarda 12 na varanda de sua casa, na noite em que foi diplomada pela Justiça Eleitoral.

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A Justiça brasileira decidiu manter a sentença contra os acusados: Pedro Talvane Luiz Gama de Albuquerque Neto, Jadielson Barbosa da SilvaAlécio César Alves VascoJosé Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros Silva, há 11 anos.

Apesar de haver na época a confissão, o processo tramitou por mais 2 anos no Judiciário. O processo sofreu diversas reviravoltas no Judiciário, envolvendo conflitos de competência entre a Justiça Federal e Estadual, além de inúmeros recursos interpostos pelos réus, atravancando o andamento da ação. Mesmo após a confissão de participantes do assassinato e a conclusão da investigação, o caso ainda teve um moroso desfecho na Justiça e os réus, após quase uma década e meia aguardavam em liberdade. Somente em 19 de janeiro de 2012 após 13 anos e três dias de julgamento, o júri popular decidiu, na madrugada, condenar Talvane Albuquerque e os outros quatro assassinos. 

O ex-deputado, então filiado ao PTN e suplente de Ceci, foi condenado à prisão pela autoria intelectual dos quatro assassinatos, com agravante de se tratar de motivo torpe — para conquistar um mandato na Câmara — e sem possibilidade de defesa para as vítimas. A pena estabelecida ao ex-parlamentar pela Justiça foi de 103 anos e quatro meses. “A ação do condenado [Talvane Albuquerque] foi mais perniciosa que os demais acusados. Ele que organizou telefones e carro para fuga, o que mostra uma premeditação somente vista com quem tem o dolo. [O crime] revela a deficiência de valores éticos e sociais”, afirmou o magistrado André Tobias Granja, em trecho da sentença, na época. 

Jadielson Barbosa da Silva e José Alexandre dos Santos, conhecido com “Zé Piaba”, pegaram penas de 105 anos cada um. Alécio César Alves foi condenado a 87 anos e três meses de prisão e Mendonça Medeiros da Silva teve a pena mais leve: 75 anos e sete meses.

Ao fim da sentença, ao contrário do que era esperado na época, o juiz decretou a prisão preventiva dos cinco condenados alegando o “clamor social” do caso e a necessidade da “garantia da ordem pública”. “A chacina e sua barbárie é por si só motivo que justifique a prisão dos acusados. É uma situação extraordinária, e por isso decreto a prisão dos condenados da chacina da Gruta”, afirmou. Com isso, mesmo que recorressem da condenação, todos tiveram de aguardar um novo julgamento na prisão. A íntegra

No ano em que ocorreu a chacina, Jair Bolsonaro, à época deputado, foi o único parlamentar a usar a tribuna na Câmara para defender verbalmente o ex-deputado mandante da chacina. Ele justificou: “consciência pesarosa de votar pela cassação desse parlamentar, porque amanhã qualquer um de nós pode estar no lugar dele”. “Quem aqui nunca teve contato ou conversou com um marginal?”, completou Bolsonaro na época. Veja: 

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