terça-feira, junho 6, 2023
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Caso BBF: controvérsias envolvem liderança indígena, caminhão do governo estadual e milícias

Muitos fatos ainda precisam ser esclarecidos no episódio do ultimo dia 21, feriado de Tiradentes, ocorrido no município do Acará, quando cerca de 50 pessoas entre indígenas e quilombolas teriam invadido a sede do polo industrial da empresa Brasil BioFuels (BBF), considerada a maior produtora de óleo de palma na América Latina, a fim de saquear equipamentos e veículos.

Dentre os fatos a serem esclarecidos estão a possível articulação de Paratê Tembé na ação de índios e quilombolas, a apreensão, pela Polícia Militar, de um caminhão carregado de dendê, pertencente à Secretaria de Estado de Transportes (Setran), além da suposta atuação de milicianos em favor da BBF. A ação de quilombolas e indígenas seria uma ofensiva pelo resgate feito dos caminhões, que haviam sido apreendidos, inicialmente, por integrantes das comunidades da aldeia Turé Mariquita e quilombola Turé III, que denunciam a invasão de propriedades pela multinacional.

Três ônibus pertencentes à BBF foram incedidados durante o conflito entre seguranças e um grupo de indígenas e quilombolas. A empresa que adquiriu a subsidiária da Vale, a Biopalma S.A, em 2020, mantém o polo de beneficiamento de óleo de palma na vila de Santa Cruz. Dentre os áudios que circulam em grupos de Whatsapp, o flagrante desespero de uma funcionária da BBF, que narra, muito ofegante, o momento da chegada dos invasores no pólo industrial. “Muitos tiros, Ivanildo, muitos tiros. Eu acredito que é o Paratê com mais uma turma….”, diz um trecho do áudio.

Escute o áudio

Mas quem é Paratê Tembé? Em uma das três contas que mantém no Facebook, aperece como presidente da Associação Indígena Tembé de Tomé- Açu (AITTA), mas também como assessor indígena na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde. Paratê que disputou uma das cadeiras da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), em 2018, tem proximidade com políticos como deputado federal Joaquim Passarinho (PL) e o prefeito de Tomé-Açu, Carlos da Vila Nova (PL). O Tembém é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ele que estaria na mira de possível milícia com atuação na Região do Acará e bancada pela BBF, deve fazer parte de investigação do Ministério Público Militar, que recebeu na manhã desta segunda-feira (25) um documento com relatos do advogado Ismael Moares, que defende a AITTA contra a empresa BBF. Policiais militares estariam ameaçando os indígenas, sobretudo lideranças como Paratê. Contra a multinacional pesam denúncias do ataque ocorrido em outubro de 2021, quando grupos armados e encapuzados, formados por militares do Estado de Roraima, teriam invadido a localidade conhecida como Vila do Bocaina, no Baixo Acará, e lá agredido agricultores e baleado um deles, que foi transferido para Belém.

Se é Paratê e demais lideranças indígenas que estão coordenando as ações contra a BBF, só a investigação da Polícia Civil vai dizer, assim como os possíveis crimes de ordem civil e ambiental praticados pela empresa que possui mais de 6 mil funcionários e fundada em 2008 na cidade de São João da Baliza, localizada em Roraima.

O caminhão da Setran

Outro fato intrigante no conflito do dia 21 é a imagem de um caminhão adesivado com a logomarca do Governo do Estado, dentre os veículos apreendidos pela polícia e que estariam na posse de indígenas e quilombolas, fato que, segundo a BBF, teria motivado a ofensiva dos invasores da empresa e a queima dos ônibus. Em um vídeo divulgado pelas redes sociais e em grupo de aplicativo, mostra caçamba da Setran apreendida.

Confira o vídeo

Em outro vídeo, caçambas da BBF aperecem estacionadas em frente a um posto da Polícia Militar, após serem resgatadas pelas forças de segurança.

O portal pediu um posicionamento da Setran sobre a apreensão do caminhão e aguarda um posicionamento.

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