segunda-feira, junho 5, 2023
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Bolsonaro faz afagos em Evo Morales e pede para que ele troque a mão esquerda pela direita em foto oficial

Presidente brasileiro diz que boliviano pode ser colaborador na crise na Venezuela

SANTA FÉ, Argentina –  O  presidente da Bolívia, Evo Morales, ganhou atenção especial de Jair Bolsonaro durante a 54ª Cúpula doMercosul , nesta quarta-feira emSanta Fé, na Argentina. Os afagos começaram ainda durante o discurso na reunião com chefes de Estado, quando o brasileiro disse que estava com “saudades” do boliviano e mencionou que não se viam desde a posse em Brasília, em janeiro. Depois, em entrevista coletiva a jornalistas, Bolsonaro mencionou que “até o Evo Morales” se mostrou disposto a buscar uma solução para a Venezuela .

O momento mais curioso, entretanto, ocorreu quando os líderes posaram para a foto oficial da Cúpula do Mercosul. Todos levantaram a mão direita, mas Morales, por sua vez, acenou com a esquerda. Bolsonaro pediu para que ele trocasse a mão. O boliviano manteve a posição. A cena provocou risos discretos dos presidentes Mauricio Macri (Argentina), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai) e Sebatián Piñera (Chile).

— É muito importante buscar solução para a Venezuela e  evitar, com o esforço de todos, que apareça uma nova Venezuela aqui na América do Sul. Até o Evo Morales também fez uma nota há pouco se posicionando de maneira até contundente, no meu entender — disse Bolsonaro.

O posicionamento ao qual o brasileiro se referiu não foi divulgado à imprensa. No discurso na cúpula, Morales não mencionou a Venezuela. Ele também não é signatário do documento divulgado pelo Mercosul, demonstrando a preocupação com o regime de Nicolás Maduro .

Ao ser questionado se a postura de Morales citada por ele o surpreendeu, Bolsonaro disse que o presidente boliviano havia emitido sinais positivos, na visão dele, quando decidiu extraditar o ex-militante de esquerda italiano Cesare Battisti, em janeiro.

— Não me surpreendeu porque ele já deu indicativo quando liberou o Battisti para a Itália. Por que Battisti foi pra Bolívia? Achava que era o país mais afinado com a ideologia petista num momento em que ele poderia até, sendo pego lá, ficar como ficou no Brasil por muito tempo — justicou, completando que o ato foi de “muita firmeza” de Evo Morales.

As declarações de Bolsonaro em relação ao presidente boliviano ilustram a tentativa de Bolsonaro de liderar os países da América do Sul rumo a uma guinada à direita.  De crítico do Mercosul durante toda a sua vida parlamentar, o presidente brasileiro passou a defensor do bloco, mas pregando um “Mercosul 2.0”. O Brasil assumiu, nesta quarta-feira, a Presidência pró-tempore (rotativa) do bloco, prometendo modernizar regulamentos sobre produção e comercialização de bens, e buscar relevância no cenário internacional.

— (Meu posicionamento) era de completo afastamento  pelo viés ideológico. Eu, como parlamentar não sonhava com a presidência e sempre batia no Mercosul por causa desse viés. Eu chegando, a equipe econômica também indicada por mim e com propósito de buscarmos o comércio e não a questão [de] uma grande pátria bolivariana usando o Mercosul para tal. Não é que nós mudamos, nós redirecionamos o Mercosul, estamos no Mercosul 2.0 — disse Bolsonaro.

Durante seu discurso para chefes de Estado, o presidente brasileiro se comprometeu em fazer do Mercosul um “instrumento de comércio sem o viés ideológico.” Ele  reiterou que o governo brasileiro busca um Mercosul de menos discurso e mais ação, ou com menos ideologia e mais resultados.

Em seu pronunciamento, Bolsonaro pediu que a América do Sul eleja representantes comprometidos com “a democracia, liberdade e prosperidade” e  afirmou que não há mais espaço para “regimes autoritários” na região. Neste ano, há eleições presidenciais em Argentina, Uruguai e Bolívia. Bolsonaro fez uma referência à expressão“pátria grande” , cunhada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para pregar contra a esquerda. Ao mesmo tempo, sinalizou a aproximação com os Estados Unidos.

Via O Globo

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