sexta-feira, junho 9, 2023
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As cartomantes barbalhistas e as bravatas para as próximas eleições

Com narrativas bajuladoras e com a realidade superestimada, aliados e formadores de opinião projetam um futuro azul e dominante para a família Barbalho, que usa partidos, meios de comunicação, jornalistas e até membros do poder judiciário para aumentar seus tentáculos sobre tudo e todos, tornando seus aliados em meros coadjuvantes, obrigados a aceitar o que lhes é oferecido para manterem certos privilegios na divisão do poder.

ESPECULAÇÕES

As especulações sobre as eleições municipais de 2024 e a sucessão de Helder Barbalho em 2026, bem como a disputa pelas duas vagas ao senado naquele mesmo ano, esquentam os bastidores da política paraense.

Veículos de imprensa fazem suas apostas, como cartomantes jogam suas cartas. Uma das probabilidades mais ventiladas é a de que Helder se lançaria candidato à presidência da República e se a improvável aventura não colar, tentará abocanhar uma das vagas do senado para sí e quer a outra para um aliado.

SEM COMBINAR COM OS RUSSOS

Tudo bem que o sonho do filho mais novo de Jader Barbalho tenha encontrado eco aqui na província do Grão-Pará, mas pensar na possibilidade dele ser candidato e pra piorar, de ser eleito presidente do Brasil, sem considerar a força política de outras oligarquias e grupos políticos e empresariais dos estados do sul e sudeste é no mínimo ingenuidade ou tentativa de forçar a barra para manter a estratégia midiática que criou a fantasia de que ele é rei, que neste caso pode ser de alguns vassalos paraenses, mas não do Norte, muito menos nacional.

LEMBRETE

Vale lembrar aos mais esquecidos de que Helder Barbalho veio com tudo para a disputa eleitoral pelo governo do estado do Pará em 2014 e amargou sua primeira derrota, imposta pelo então governador Simão Jatene.

Já em 2018, contando com uma poderosa estrutura de comunicação, o sistema RBA, onde é sócio e sem um candidato que reunisse todo o espólio tucano, Helder venceu as eleições do desconhecido médico e militar que vive em Castanhal, Márcio Miranda, por uma diferença de votos até pequena, se considerarmos o investimento feito na campanha de Helder, desde 2014.

Com uma vitória eleitoral conquistada por meio de Fake News e o uso de seus tentáculos na justiça para enlamear o adversário, Helder foi eleito e passou a implantar seu plano hegemônico, onde todos têm que obedecer seus caprichos e vontades ou são alijados de cargos e recursos públicos, seguindo o lema maquiavélico: “Aos amigos os favores, aos inimigos a lei”.

NEUTRALIZANDO A IMPRENSA

Em resumo, Helder venceu as eleições e se tornou governador do Pará no sufoco, em 2018. A partir de então, com a máquina administrativa nas mãos, Helder cercou e comprou a sumbissão da imprensa, tendo para isso ter que aumentar consideravelmente o gasto com propaganda, que antes tanto criticava nos governo tucanos, dobrando o gasto com verba publicitária nos primeiros anos de seu primeiro governo e que hoje alimenta o silêncio e a cumplicidade de jornais, revistas, emissoras de rádio e tv, assim como portais de notícias e blogs.

Além disso, Helder fechou o cerco aos partidos e principais lideranças políticas no estado, obrigando diversos aliados a se filiarem ao MDB. Antes mesmo de ser governador, como Ministro de Dilma e Temer, Helder articulou a neutralização do império de comunicação da família Maiorana, que de adversária contundente, passou a ser mais sob o comando da família Barbalho, o que se concretizou após o afastamento do executivo do grupo Liberal, Rômulo Maiorana, que foi defenestrado do comando das empresas de comunicação fundadas pelo pai, através de um acordo político e empresarial com os demais herdeiros.

GOLPE INTERNO

Com Lula preso e Helder aborrecido por Paulo Rocha ter se apresentado como concorrente ao governo do estado, nas eleições de 2018, o ex-senador petista passou a dizer que iria se aposentar. Foi aí que Beto Faro com a ajuda e patrocínio da família barbalho ganhou a hegemonia interna no Partido dos Trabalhadores e se tornou presidente da legenda e derrotou Paulo Rocha em eleição interna no diretório estadual do PT paraense, que definiu o candidato do partido ao senado para as eleições de 2022.

Paulo Rocha obteve 14 votos e Beto 46. Mesmo sendo senador, Paulo Rocha não pode concorrer à reeleição e essa semana foi nomeado presidente da SUDAM.

Mesmo sendo o fona em todas as pesquisas eleitorais realizadas até as vésperas do primeiro turno de 2022, Beto Faro contou com o empenho pessoal e toda a máquina do estado e acabou sendo eleito senador em 2022. Para tal, foi obrigado a filiar ao PT, nas vésperas das eleições, um homem da plena confiança de Helder Barbalho no PT. Josenir Nascimento foi filiado ao PT e hoje é o primeiro suplente no senado, podendo ser senador, caso Beto Faro por algum motivo deixe o cargo.

Agora, investido do cargo de senador e considerando que deve a eleição a Helder, Beto vem operando um plano de fazer o PT sucumbir de vez às estratégias do MDB, que, por exemplo, tenta tirar Maria do Carmo da disputa pela prefeitura de Santarém, onde a atual deputada estadual já foi prefeita por dois mandatos (2005 a 2012) e é a preferida em todas as pesquisas realizadas até aqui.

Em Marabá, o deputado petista Dirceu Ten Caten espera por um “help” de Helder para ver sua pré-candidatura a prefeito decolar, mas não tá fácil. Além de carregar o peso da rejeição dos seus pais, a ex-deputada Bernadete Ten Caten e do seu pai, Luiz Carlos Pies, outros nomes que compõem a base de apoio de Helder também pleiteiam a prefeitura e estes, com estrutura e poder podem melar os planos de Dirceu, que busca o apoio do deputado Airton Faleiro, do ex-deputado Zé Geraldo e do ex-senador Paulo Rocha, para pressionar o PT a sair da letargia e partir para cima dos objetivos eleitorais de seus quadros, os quais Helder e Beto agem para frear.

UM NOVO E COMPLEXO CONTEXTO

Com a política do toma lá, dá cá, em sua primeira eleição em 2018 e sua reeleição em 2022, Helder de fato arregimentou a maioria dos principais líderes políticos e empresários, tanto da comunicação, quanto religiosos e membros dos demais poderes: Legislativo e Judiciário. No entanto, com a aproximação das eleições municipais do ano que vem, sua base está rachando e o que o ambiente de falsa harmonia começa a mostrar sua verdadeira face, pois a maioria dos hoje aliados da família barbalho está em pé de guerra pelo poder na disputa pelas prefeituras. Assim, quem até as eleições de 2022, aturou adversários que também estavam sob as asas barbalhistas, agora estão afiando a espada uns contra os outros.

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