Em uma bela homenagem póstuma sobre episódios da agitada vida de Luizão Costa, ou D. King, técnico de som, músico, produtor musical e empresário do ramo, o radialista Fabrício Rocha publicou em suas redes sociais a história sobre um ato de coragem e ousadia (do Luizão), ocorrido em uma reunião na FUNTELPA. A conversa era sobre um fato que serviu para enriquecer ainda mais a família Maiorana, quando esta usou as antenas da Rádio e Tv Cultura para retransmitir a programação da Tv Liberal/Globo durante um dos governos de Simão Jatene (PSDB).
“No inicio de 2011, quando Jatene (PSDB) já havia vencido a Ana Júlia (PT) nas eleições, Ney Messias havia sido nomeado Secretário de Comunicação. Ele estava com o coração ferido porque a gestão anterior tinha feito a sua exoneração a bem do serviço público.
Ao final da reunião, Luizão Dom King pede a palavra e faz uma pergunta que vai cobrar seu preço para o resto da vida dele e que até hoje penso muito sobre toda a situação:
Ney pegou o Grellha, cinegrafista que tinha soltado fogos na fundação (Funtelpa) para comemorar a derrota dos tucanos em 2006, e foi registrar como estava recebendo a estrutura da fundação dos petistas. Eles pararam para uma breve reunião na nossa sala de produção, local que sempre foi o coração da Funtelpa até então.
-‘Ney, por que tu renovaste o contrato da FUNTELPA com a TV Liberal no último dia da tua gestão??’.
O mundo paralisou naquele momento. Na primeira reunião com o novo secretário de comunicação, Luizão falou do maior telhado de vidro da gestão tucana, em que as antenas da Tv Cultura (pública) eram usadas pela TV Liberal (privada) e a Funtelpa ainda pagava 400 mil por mês, a titulo de licenciamento da programação da Globo.
Ney Messias, com toda certeza, não estava esperando, tomou um fôlego e respondeu:
‘Luizão, você tem que saber o que significa a palavra LEALDADE. Fui e sou leal’.
Meus amigos, tem que ter muita coragem para fazer esse tipo de pergunta numa terra coronelista como é o Pará.
Luizão entra para a história da produção cultural e da radiodifusão pública paraense como um ser humano valente, gigante e profissional competente. Viveu intensamente cada minuto.”
O contrato, rotulado como convênio, entre a Funtelpa e a Tv Liberal foi um dos maiores escândalos da política paraense, que envolveu a juíza Rosileide Filomena, que no uso de seu cargo tentou inocentar os envolvidos na negociação público-privada, que lesou os cofres públicos do estado e até hoje ninguém foi punido exemplarmente, tal como deveriam.
Filomena foi afastada do cargo pelo CNJ por outras investigações, entre elas, a que apurou a ligação da magistrada com uma organização que fraudava licitações no Estado, desbaratada pela Polícia Federal durante a Operação Rêmora, em 2006. Leia mais sobre esse caso aqui.
Leia também:
FENAJ entrega pauta dos jornalistas ao ministro Paulo Pimenta
Sinjor repudia, Rádio Cultura do Pará pune e filho de Ivo Amaral admite o erro do pai