A Secretaria de Estado de Segurança emitiu nota na noite deste sábado (10), onde informa que foram encontrados mais dois corpos de vítimas do naufrágio da lancha “Expresso Dona Lourdes”, que saiu de Cachoeira do Arari em direção à Belém, mas foi ao fundo do rio, em frente à Ilha de Cotijuba.
Naquele mesmo dramático dia, quinta-feira (08), pescadores regastaram cerca de 65 sobreviventes e os corpos de 11 vítimas fatais. Informações oficiais dos órgãos de segurança, noticiadas pela imprensa paraense davam conta da lancha estar com cerca de 82 pessoas a bordo, no momento em que afundou.
ENCONTRADOS EM PONTA DE PEDRAS
Duas pessoas foram encontradas na última sexta-feira (9), em Ponta de Pedras, informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup). As vítimas, uma criança de 4 anos e um adulto de 20 anos, foram resgatadas por ribeirinhos e pescadores.
Com a informação de que já são 20 corpos que foram encontrados desde o naufrágio e ainda há pessoas desaparecidas, podemos concluir que o número de pessoas que estavam na lancha passa de 90, superando e desmentindo as primeiras informações divulgadas pela SEGUP e reproduzidos por diversos jornalistas e veículos de imprensa.

Como se pode ler acima, em um trecho de uma matéria do portal OLiberal, havia 11 mortos e 8 pessoas desaparecidas, totalizando 19. No entanto, com os novos números (20 vítimas fatais) que foram divulgados pela SEGUP, podemos concluir que a maioria dos jornalistas acaba acreditando em tudo que vem dos órgãos oficiais e não se dá ao trabalho de raciocinar e nem se quer contar, para assim tirar suas próprias conclusões sobre os fatos. Preferem servir tão somente de porta-vozes e instrumentos de divulgação do que recebem das assessorias de imprensa dos órgãos governamentais.
E por falar em informações dos órgãos oficiais, o secretário de Segurança Pública do Estado do Pará declarou à imprensa, que o condutor da embarcação, identificado como Marcos de Souza Oliveira, ainda não é considerado foragido por ainda não existir um mandado de prisão emitido contra ele, no entanto, desde o dia do acidente a procura por Marcos está sendo realizada, inclusive, em situação “flagrancial”. “Vale ressaltar que dentro do inquérito policial estão várias medidas foram solicitadas pela Polícia Civil e estão sendo adotadas. Não há o descarte de medidas mais rígidas contra ele se necessário”, assegurou, escreveu OLiberal.
POPULAÇÃO DESABAFA, DESACREDITA, MAS COBRA JUSTIÇA
REDES SOCIAIS RELATAM O QUE SETORES DA IMPRENSA TENTAM ESCONDER
Um vídeo com o relato de um senhor identificado como sendo um dos sobreviventes do naufrágio, postado na página Cotijuba Notícias traz informações inéditas que grande parte dos jornalistas e seus veículos de imprensa não noticiaram.
Um relato dramático, sobre o ocorrido naquela manhã de quinta-feira (08), quando a lancha começou a afundar.
O Marcos sabia oque estava acontecendo e sabia que a lancha ia afundar e todo momento ele gritava pra nós ficamos sentados que não ia acontecer nada pós ele tava ligando pra mãe dele pra resgatar nós. Foi aí que a lancha encheu rápido e muitos desesperados tentando pegar coletes. Mas, como estava entrando água muito rápido, a maioria das pessoas pularam na água, janelas todas fechadas.
A intenção dele era que todas morressem pra não ter testemunha. A Brenda gritava pra todos colocarem colete, mas Marcos e mulher dele falavam que não ia acontecer nada foi aí que muitos não conseguiram sair dentro da lancha devido as janelas fechadas.
Em um áudio, outra mulher que estava a bordo e conseguiu sobreviver, relata o que aconteceu antes e depois da lancha ter batido em algo e começou a afundar.
Entre as novas informações, o sobrevivente relatou que havia mais de 135 pessoas na lancha, entre elas, dois cadeirantes e outras crianças que não tiveram a chance de colocar coletes e nem estariam no fundo do rio, presos na lancha que ainda não foi retirada do rio, não se sabe o motivo.
O sobrevivente ainda afirma que o proprietário da lancha impediu que as pessoas buscassem formas de se salvar, dizendo a todo instante que estava cuidando da situação.
Diante dos relatos acima, fica a dúvida que nos leva a indagar: Por qual motivo, o proprietário da lancha ainda não teve sua prisão solicitada pela Polícia Civil, já que sabemos que há 20 vítimas fatais por conta do naufrágio da embarcação que não tinha autorização para transportar passageiros e estava – como testemunharam as vítimas – superlotada, sem equipamentos de segurança e partindo de portos clandestinos e possivelmente chegando em portos da capital, que merecem – mas não têm – a fiscalização e o controle por parte da ARCON, órgão oficial do governo do Pará responsável pelo setor?
Sem responder a essa pergunta que aflinge familiares das vítimas e a sociedade em geral, que em grande parte usa as redes sociais para questionar a SEGUP, o órgãose limitar a reiterar que nove embarcações dos órgãos de segurança do estado e um helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), juntamente com duas embarcações e uma aeronave da Marinha do Brasil continuarão as ações de busca e resgate na manhã deste domingo.
A nota também informa:
A Polícia Civil segue investigando o caso por meio de um inquérito policial, com diligências para ouvir testemunhas e levantar maiores informações sobre o ocorrido, inclusive para localizar os responsáveis pela embarcação para maiores esclarecimentos.
Informa ainda que, familiares de pessoas desaparecidas podem procurar o Grupamento Fluvial (Gflu), na Av. Arthur Bernardes, N° 1000, onde serão atendidos por uma equipe multidisciplinar para oferecimento de informações, serviços essenciais, assistência psicossocial ou qualquer outra necessidade urgente. No local, também estão pertences das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Contatos podem ser feitos também pelo telefone da Defesa Civil do Estado do Pará, no número (91) 98899-6323.
ATO LEMBRA MORTES E COBRA JUSTIÇA
Através das redes sociais – e só por elas, já que a imprensa não deu a mínima importância e visibilidade – um ato em protesto e de clamor por justiça está sendo mobilizado para este domingo (11), na escadinha da Estação das Docas, em Belém. A concentração se dará a partir das 08h da manhã.
No Marajó, a população local se juntou aos familiares das vítimas do naufrágio e ocupou o porto de Salvaterra, de onde saem as embarcações para Belém, afim de cobrar das autoridades que troquem a direção da ARCON e mande subestituir as “sucatas” que fazem o transporte entre o Marajó e a capital do Pará.
As hashtags #MARAJODELUTO #MARAJOPEDESOCORRO foram criadas para mobilizar para o ato e servir para encontrarmos postagens referentes à luta por justiça neste lamentável e injutificável “acidente”, que tem tudo para ser esquecido, mas não será se houver reação e cobranças aos que deveriam fiscalizar as empresas de navegação e o transporte de passageiros em nossos rios e não cumprem seu papel, resultando em diversos acidentes, bem como em crimes, como a pirataria, o tráfico de drogas e o contrabando que correm soltos nos rios paraenses.
Uma manifestação ocorre neste instante no porto que fica na foz do rio Camará, no Marajó. Os manifestantes cobram medidas por parte do poder público, para impedir outros naufrágios, assim como pedem a demissão de toda a diretoria da ARCON e a troca das embarcações que fazem o transporte do Marajó-Belém-Marajó.
Clique aqui e assista ao vivo.

Sem falar da falta de higiene e segurança nestas embarcações autorizadas pela ARCON, bem como nos valores cobrados aos passageiros, que não imaginam quem sejam seus donos, alguns deles deputados ligados ao governo do Estado e que renovam suas autorizações para continuar lucrando milhões de reais por mês, sem oferecer qualidade e segurança aos seus clientes.
Assista outro vídeo da página Cotijuba Notícias com gravação feita logo depois do naufrágio, onde sobreviventes relatam com riqueza de detalhes, o que aconteceu durante e depois do naufrágio:
Leia também: Quem são os verdadeiros culpados pelas mortes, após o naufrágio de mais uma embarcação no Pará?