“Governar é contrariar interesses” é o título do artigo publicado por Silvia Letícia, da Direção Estadual do PSOL Pará, Coordenadora Geral do SINTEPP-BELÉM e pré candidata ao governo do Estado do Pará pelo PSOL e Douglas Diniz, membro da Direção Nacional do PSOL. Ambos moram, trabalham e militam em Belém e travam uma luta árdua contra a prefeitura, o governo do estado e o governo federal.
Em recente postagem em suas redes sociais, o poderoso e super secretário da prefeitura de Belém Luiz Araújo, muito conhecido por sua arrogância e prepotência, critica as lideranças de coletivos estudantis pela coragem de convocar ato público contra a decisão da prefeitura de reajustar as passagens de ônibus.
Pior, ameaça a garotada rebelde com repressão da Guarda Municipal, caso ocupem o prédio da prefeitura, para exigir o que o prefeito de Belém Edmilson Rodrigues cumpra uma de suas principais promessas de campanha: “desmontar a máfia dos donos de ônibus em Belém”.
Vão querer radicalizar, quem sabe forçar uma ocupação do prédio da prefeitura. A guarda vai impedir que o prédio público seja ocupado. Vamos ter vídeos para que os blogs de direita e a imprensa se delicie e viralize. Parabéns.
— Luiz Araujo (@rluiz_araujo) March 27, 2022
O empresário e o bolsonarismo agradecem e pedem bis.
Edmilson Rodrigues e sua eminência parda tentaram, nas últimas horas, criar um factoide em torno do assunto. Para camuflar sua rendição aos empresários de ônibus, giraram a poderosa máquina de comunicação da prefeitura de Belém, financiada por impostos da população, para disputar no imaginário popular uma narrativa de que o reajuste de R$ 0,40 (quarenta centavos) praticamente não significava nada, diante do pedido do reajuste da patronal de ônibus e da decisão do Conselho Municipal de Transporte.

Este conselho é composto, em sua maioria, por membros indicados pelo próprio prefeito.Além dos representantes das empresas de ônibus, a SEURB, SESAN, SECOM, SEGEP, SEMOB e até o representante do gabinete do próprio prefeito votaram a favor do reajuste das passagens de ônibus para R$ 5,00.
Esse reajuste foi aprovado com o uso de força da Guarda Municipal contra os que protestavam, agredindo inclusive uma mulher grávida.
Tudo estaria tranquilo e favorável para os empresários, com a rendição da prefeitura de Belém, se não tivesse ocorrido uma grande pressão popular de rejeição ao reajuste e de indignação com a repressão.
Em uma clara demonstração de redução de danos, Edmilson e seus conselheiros políticos resolveram dar um cavalo de pau para preservar o pouco que lhe resta de prestígio popular.
A prefeitura foi surrada nas redes sociais, não somente pelos bravos e coerentes militantes do PSOL, envergonhados com a situação, mais pela população que ameaça ganhar as ruas para impedir um verdadeiro assalto ao seu orçamento familiar.
A narrativa de que o reajuste de R$ 0,40 (quarenta centavos), menor que a inflação, seria uma demonstração de sensibilidade da prefeitura de Belém com a população mais carente não colou. Não pegou porque para a maioria das famílias de Belém que ganham até R$ 1.212,00 (1 salário mínimo) e é obrigada a pegar em média 4 ônibus todos os dias significaria deixar no caixa das empresas mais de 1/3 (um terço) de sua renda familiar, levando em conta a despesa de apenas uma pessoa por família.
Para a população, que sabe fazer conta, a prefeitura de Belém aumentou o lucro dos empresários e deu “beijinho no ombro” para servidores municipais que ganham menos que o salário mínimo nacional e para a maioria da população da cidade que batalha todos os dias para garantir o mínimo de sua subsistência.
Falta de aviso não foi.
Sempre afirmamos que governar é contrariar interesses. Desgraçadamente, a escolha do grupo do prefeito e de seus aliados na prefeitura, estamos falando do PT, PCdoB, PSB, PDT, Cidadania e do MDB partido do governador do Estado Helder Barbalho e que dá sustentação ao prefeito na Câmara de Vereadores, foi garantir a lucratividade dos tubarões do sistema de transporte coletivo.
A narrativa do prefeito ainda diz: “vamos licitar o sistema de transporte, garantir ar condicionado, melhorar a qualidade do serviço”, etc. Também não convenceu a população.
Se com os professores, que sempre o apoiaram, ele descumpriu a lei que garante o pagamento do Piso Salarial Nacional, não paga um salário mínimo no vencimento dos servidores municipais; se a Assistência Social continua destruída depois de mais de um ano de governo, como denuncia o sindicato dos servidores da FUNPAPA, que estão em greve justamente por melhorias nas condições de trabalho, que garantia podemos ter com essa promessa do prefeito de que o reajuste das passagens vai transformar em céu o inferno que é andar em ônibus em Belém?
Edmilson Rodrigues, para garantir seu futuro político deveria trocar imediatamente seus conselheiros e escutar o clamor que vem de todos os cantos de Belém, para que ocorra uma mudança imediata nos rumos políticos da sua gestão.
Não podemos permitir que as expectativas criadas com a prefeitura do PSOL se transformem em decepção e que se reproduza na prefeitura a catástrofe que foi para o Pará o governo de Ana Julia Carepa (PT).
Maninho, aproveita a oportunidade, não desperdiça a chance que o povo de Belém te deu de fazer diferente. Escuta o povo cabano da tua cidade e que sempre te apoiou. A responsabilidade de uma possível volta da direita ao comando de Belém será tua e não de quem critica tuas decisões equivocadas e se vê obrigado a ir às ruas para exigir que cumpras os compromissos assumidos durante tua campanha eleitoral.
Quanto à ameaça do Luiz Araújo, a juventude rebelde não deve se deixar intimidar.
A juventude rebelde do PSOL e da esquerda em geral deve seguir em frente.
Ninguém larga a mão de ninguém. Não deve largar a mão do povo pobre e trabalhador de nossa cidade. Serão apoiados de forma massiva pela população.
À luz da vida real, em um sistema de tanta desigualdade social, está bem fácil concluir quem vive no mundo paralelo, talvez até em outra dimensão já que não é obrigado a pegar ônibus todos os dias ou ir de bicicleta, andando para o trabalho, economizar centavos para que no final de todo mês se consiga pagar luz, água, telefone, comprar remédios, gás para cozinhar, se vestir de forma digna.
R$ 0,40 (centavos) faz falta na mesa de muitos que de forma digna e honesta se esforçam para conseguir comprar pão, café e alimentar seus filhos antes de ir para escola.
Talvez para Luiz Araújo e o prefeito Edmilson centavos não signifique nada, mas para quem “sua” todos os dias para ter o mínimo faz muita diferença.
Para quem está se aliando à família Barbalho, que sempre atacou os direitos dos trabalhadores e do povo, reajustar as passagens de ônibus e aumentar o lucro do setor de transporte não é nada taxar e reduzir a renda da maioria do povo de Belém.
Infelizmente, essa é a escolha que está sendo feita de forma consciente pela camarilha que governa nossa cidade.
Sobre as ameaças da patronal do transporte contra a população, a única forma de dar um freio de arrumação é intervir no cartel das empresas de ônibus, desmontar a máfia que controla esse setor por gerações (como alertou o então candidato Ed 50), o hoje prefeito, deve assumir a responsabilidade da prefeitura sobre o transporte público de Belém, municipalizando todo o sistema e instituindo a TARIFA ZERO.
Não tem meio termo.
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