O Hospital Universitário João de Barros Barreto, integrante da UFPA, emitiu um alerta epidemiológico sobre o surto da gripe H3N2. O documento foi elaborado pela equipe de servidores do hospital e divulgado no fim de Dezembro do ano passado. Nele conta todas as informações sobre a doença e como podemos previnir, tratar e como evitar Fake News sobre o assunto.
O QUE É GRIPE?
A gripe é a doença causada pelos vírus da influenza. Os vírus da influenza são classificados como tipo A, B e C, podendo ocasionar a Síndrome Gripal (SG) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Entende-se por SG: indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta, com início dos sintomas nos últimos 07 dias. E a SRAG: indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e que apresente dispneia ou saturação de O2 < 95% ou desconforto respiratório.
Nas últimas semanas, São Paulo, Rio de Janeiro , Salvador, Manaus, Rio Grande do Sul e Pará relataram surto do vírus H3N2. A situação era inesperada pelas autoridades, dado que o mês de dezembro não traz o momento de maior circulação da doença no país, que frequentemente tem seu ápice no inverno.
No dia 15/12 a Secretaria Municipal de Saúde de Belém, confirmou um surto de gripe do vírus influenza na capital, de acordo com a secretaria o surto está provocando superlotação das salas de urgência e emergência.
Diante desse cenário, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica do HUJBB alerta a comunidade com objetivo de oportunizar a prevenção e identificação precoce de possíveis casos.
O QUE É O H3N2?
O Vírus H3N2 é um subtipo de influenza A. As diferenças entre eles ocorrem por mudanças nas estruturas de superfície do vírus. É o que está sendo chamado de variante Darwin. A cepa foi batizada de Darwin australiana em referência à cidade em que ela foi sequenciada.
COMO SE TRANSMITE?
A transmissão acontece da mesma forma que a gripe e resfriado comum, por meio de contato direto via gotículas dispersas através da fala, tosse ou espirros da pessoa infectada.
SINAIS E SINTOMAS
Provoca sintomas gripais característicos da infecção pela influenza, porém com um quadro mais intenso e agudo, podendo apresentar: tosse, espirros, coriza, inflamação na garganta, mal-estar, febre alta, prostração e adinamia (falta de força muscular).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito mediante suspeita clínica de síndrome gripal ou SRAG, a partir da análise laboratorial de amostras de secreções respiratórias para realização de RT-PCR em laboratórios de referência.
TRATAMENTO
O tratamento indicado é de suporte e envolve hidratação, oxigenoterapia quando indicado e manter monitoramento clínico para os casos graves (SRAG). O fosfato de oseltamivir deve ser iniciado
imediatamente após a suspeita clínica, preferencialmente 48 horas após o início dos
sintomas, independentemente da coleta de amostras ou confirmação laboratorial.
GRUPOS DE RISCO
Os principais grupos de risco a desenvolver a forma grave da doença são: crianças até três anos de idade, idosos acima de 60 anos e pessoas com comorbidades tais como diabetes, hipertensão ou doenças imunossupressoras.
MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO
- Uso de máscaras;
- Higienização das mãos com água e sabão ou álcool a 70%;
- Distanciamento social e evitar aglomerações;
- Atualização vacinal anual contra gripe;
- Tratamento precoce de casos suspeitos.
Para casos hospitalizados:
Instituir medidas de precaução padrão e por gotículas frente a casos suspeitos de SRAG;
Manter paciente, preferencialmente, em quarto privativo por sete dias após o início dos sintomas ou até por 24 horas após o desaparecimento da febre e sintomas respiratórios;
Quando em enfermaria, respeitar a distância mínima de 1 metro entre os leitos;
Uso de máscara cirúrgica ao entrar no quarto, a menos de 1 metro do paciente – substituí-la a cada contato com o paciente;
Notificação de casos:
Notificar os casos que atendam a definição de SRAG (Síndrome respiratória aguda grave)
à vigilância epidemiológica;
Notificar os casos de óbitos suspeitos ou confirmados por SRAG;
SOBRE A VACINA DA GRIPE
A campanha de vacinação contra influenza ocorre anualmente no País, com previsão para meados de março. Nas campanhas anuais promovidas pelo Ministério da Saúde são oferecidas as vacinas trivalentes, que contém duas cepas A e uma B. Já a quadrivalente contém uma cepa B adicional (duas A e duas B) e fornece uma proteção ampliada contra a gripe.
Os vírus influenza passam por várias mutações, as vacinas precisam mudar todos os anos para garantir eficácia. A vacina contra a gripe usada no Brasil já tem em sua composição a H3N2, porém não a cepa Darwin.
Mesmo assim, a vacina à disposiçãoa presenta proteção cruzada e ajuda a pelo menos reduzir hospitalizações.
Desde que a variante foi encontrada, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda uma nova formulação para as vacinas contra a gripe que serão aplicadas em 2022, agora com a H3N2 Darwin.
Fatos e Mitos
FAKE NEWS
As medidas de proteção contra a covid-19 não influenciam no atual surto de gripe.
VERDADE
A H3N2 Darwin pode ter se potencializado devido a flexibilização das regras sanitárias, principalmente com a diminuição do uso da máscara e da falta de cuidado com o distanciamento.
Mapeamento dos principais estados brasileiros com casos notificados de H3N2 Darwin

Links úteis:
Protocolo de Tratamento de Influenza 2017