terça-feira, março 21, 2023
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Advogado a vereador pelo AVANTE é acusado de espancar sua companheira na frente da filha de um ano

O Advogado e ex-candidato a vereador de Belém pelo AVANTE, Bruno Benchimol é ausado de ter espancado sua companheira, Samanta Carvalho, no sábado (04) passado, em frente da frente da filha do casal, de apenas 1 ano. O acusado pela agressão está sumido desde então.

A vítima registrou B.O, fez exame de Corpo de delito no IML e pediu medidas protetivas para coibir a aproximação do agressor, já que o mesmo a espancou quando ela estava na casa de sua mãe e o agressor continua impune. Temendo por sua vida e de sua filha, a Samanta esteve ontem na Defensoria Pública em busca de ajuda para lidar com o caso, já que o ex-companheiro é advogado e influente na politica.

Em contato com o presidente do Diretório Estadual do AVANTE, Luiz Henrique disse que aguarda que o processo chegue até às suas conclusões e que assim que houve uma deliberação por parte do Ministério Público Estadual, entrará com o pedido de expulsão do filiado, junto ao Conselho de Ética do partido.

Leia também: A cada dia, 7 mulheres são vítimas de violência; feminicídios tentados ou consumados lideram os registros

O site O Antagônico relatou em sua matéria sobre o caso, o seguinte:

“No Boletim de Ocorrência, Samanta Pereira de Sousa Lima narra que nada data de 05 de fevereiro, por volta de 1 hora da madrugada o ex-marido chegou à sua residência, bêbado e a agrediu com empurrões e cotoveladas no seu rosto. De acordo com a declarante, Bruno, ao ser perguntado se estava com outra mulher teria respondido textualmente que: “ESTAVA SIM COM OUTRA MULHER. EU VOU ME VINGAR DE TI. O PIOR ESTÁ POR VIR. TU NÃO PRESTA.”

Ainda de acordo com a declarante, Bruno Benchimol já havia lhe agredido anteriormente, ocasião em que se separou do mesmo, mas que voltou a conviver com o agressor. Como o relacionamento era bastante conturbado, Samanta separou novamente, sendo que no dia da agressão o mesmo havia ido até sua residência para pegar a filha. Segundo Samanta, após as agressões a mesma acionou a polícia, sendo que quando a guarnição da PM chegou ao local o mesmo havia se evadido”.

Tentamos contato com o acusado através de suas redes sociais, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno.

O portal diogenesbrandao.com recebeu um Boletim de Ocorrênca Policial de outra vítima, onde o acusado por agredir sua esposa é um Secretário Municipal da Prefeitura de Belém.

DADOS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

“No paredão da vida real, a violência contra a mulher é banalizada”, disse Liliane Rocha em sua coluna na revista Vogue Negócios. Liliane é fundadora e CEO da Gestão Kairós, apresenta dados alarmantes sobre o aumento de crimes contra mulheres e pede reflexão sobre o papel dos meios de comunicação e empresas na luta pela equidade de gênero.

No dia 1º de fevereiro foi celebrado o Dia da Ratificação pelo Brasil da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher. Trata-se do reconhecimento e compromisso do Estado brasileiro com o tratado internacional, que é fruto de uma luta global pela garantia de direitos e pelo fim da discriminação das mulheres, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Embora desde 1984 o documento integre o sistema jurídico brasileiro, após 39 anos, ainda é preciso pleitear direitos humanos de meninas e mulheres. De acordo com os dados do 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, os números de violência contra mulheres são crescentes:

  • 230.861 agressões por violência doméstica – Aumento de 0,6%.
  • 597.623 ameaças – Aumento de 3,3%.
  • 619.353 chamadas ao 190 – Aumento de 4%.
  • 370.209 Medidas Protetivas de Urgência concedidas – Crescimento de 13,6%.

Quando falamos de feminicídio, o estudo mostra que foram registrados 1.341 casos em 2021, sendo que 68,7% das vítimas tinham entre 18 e 44 anos, 65,6% morreram dentro de casa e 62% eram negras. Os autores dos feminicídios em 81,7% dos casos foram ou o companheiro ou o ex-companheiro. Pela primeira vez no levantamento, os casos de perseguição ou stalking (ato de perseguir alguém de forma persistente) somaram 27.722 registros em 2021 e os de violência psicológica contra mulheres indicaram 8.390 casos.

Para além disso, me preocupo, e quero chamar a atenção aqui, sobre como essa estrutura de sociedade, desigual para as mulheres, se reflete e reverbera em pequenas situações cotidianas, de forma diluída e sutil, sem que percebamos.

Por exemplo, quando erroneamente compreendemos mulheres que são diretas e objetivas como grosseiras e homens, com as mesmas características, como assertivos. Ou quando deixamos de contratar ou promover mulheres para determinadas vagas por considerar que sua vida pessoal e seu interesse em ter ou não filhos poderá prejudicar o seu desempenho na empresa. Ou quando achamos completamente aceitável que haja diferença salarial entre homens e mulheres com a mesma função nas empresas.

E ainda, quando naturalizamos o assédio, onde quer que ele ocorra, tratando homens assediadores como se não fossem responsáveis por suas atitudes. Ou tratando as situações com menos gravidade do que elas demandariam.

Na prática, podemos falar de um caso que o Brasil está acompanhando no BBB 23 entre Bruna Griphao e Gabriel Tavares, ambos participantes do reality, no qual ele recorrentemente destrata a então companheira com palavras, gestos e ações que vão desde supostas brincadeiras, tais como chamá-la de chata, insuportável e insinuar que ela teria doenças venéreas, até situações em que ele diz ser capaz de agredi-la fisicamente. Tudo isso de forma naturalizada, já que para o entendimento geral da sociedade e até entre seus companheiros de confinamento, Gabriel, um homem, na faixa ndos 20 anos, é só um garoto que não sabe o que diz.

Se situações como estas acontecem em uma grande emissora brasileira, com mais de 100 câmeras filmando e transmitindo tudo em tempo real, imaginemos o que ocorre em milhares de lares brasileiros quando ninguém está vendo.

Os exemplos são muitos e não têm fim, por isso, em uma data como esta, precisamos refletir o papel dos meios de comunicação, do poder público e das empresas sobre a sociedade brasileira, sedimentada sobre os pilares do machismo estrutural.

São conversas difíceis que sequer gostamos de ter no dia a dia, mas que são mais do que necessárias. Juntas e juntos, você e eu, podemos mudar essa realidade!

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