Se tem uma coisa que os governos de Helder Barbalho até agora não deixaram marcas é na área de obras. O que tem são reformas. Algumas, por força de motivos que ultrapassaram a vontade do governador, outras, de pequeno porte. Mas obras de grande envergadura, isso não há.
Diferente de seu pai, o ex-governador e hoje senador Jader Barbalho, que construiu obras que até hoje ele discursa orgulhoso de ter sido o idealizador, o governo de Helder além de não oferecer obras de relevância ao seu eleitor, vem se notabilizando por grandes escândalos, que sumiram do noticiário jornalístico, devido o grande volume de recursos utilizados para silenciar o jornalismo mais crítico e realista.
Só de operações da Polícia Federal em sua residência e gabinetes do governo, que levaram equipamentos eletrônicos dele, de sua esposa, filhos e assessores, foram três, só no primeiro mandato.
Helder viu assessores sendo presos, um com R$750 mil reais em dinheiro vivo em uma térmica, outro com uma máquina de contar dinheiro e alguns estão desaparecidos da vida pública, como seu fiel chefe da Casa Civil, Parsifal Pontes, apontado como membro da Organização Criminosa que desviou milhões de reais, durante a pandemia da COVID-19, quando milhares de paraenses morreram por falta de respiradores, pois a maioria dos que foram comprados de forma suspeita e supostamente ilegal, não funcionaram. Outros respiradores foram encontrados escondidos dentro de uma parede falsa, no hospital Abelardo Santos.
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Antes que venham apontar as Usinas da Paz como obras do governo estadual, cabe alertar aos desavisados de que elas foram construídas pela mineradora VALE, que lucra bilhões de doláres com a extração de minério e nos deixa um passivo ambiental enorme e depois de ser ameaçada por uma CPI promovida por deputados barbalhistas na ALEPA, acabou se comprometendo e está entregando diversas estruturas para ações sociais do governo do Pará.
A reforma do Mangueirão que se estende por meses e diversos aditivos financeiros que surgirão no decorrer das obras deveriam ser alvo de fiscalização pelo Ministério Público, assim como as obras do BRT Metropolitano e da reforma da Ponte de Outeiro, que até hoje não foi explicada como perdeu um pilar e ficou inutulizada por mais de um ano, causando transtornos e prejuízos para quem precisa entrar e sair da ilha.
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Poderíamos elecar a precariedade de diversas Seccionais Urbanas da Polícia Civil, Quartés da PM, Escolas Estaduais, Unidades Básicas de Saúde da SESPA, bem como o sucateamento da COSANPA, da ADEPARÁ e tantos outras secretarias estaduais e autarquias, mas isso não caberia em um texto, ou em apenas uma matéria.
Com a postura de um líder político autoritário e melindroso, que não aceita críticas e por isso aciona seu poder e influência em outros poderes, sobretudo no TJE e no Ministério Público, para onde indicou amigos e parentes, Helder Barbalho age como um déspota em sua autocracia particular, impedindo a liberdade de expressão e de imprensa, quando não na marra, através de processos judiciais e operações policiais arbitrárias, ou através da cooptação financeira, usando para tal recursos públicos, como as verbas de propaganda, que aumentaram de forma assustadora em seus primeiros quatro anos de governo.
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Quando faziam oposição, em busca de “ganhar” o governo do estado, os veículos de imprensa da família Barbalho foram implacáveis e diariamente denunciavam e criticavam as gestões anteriores (Almir Gabriel, Ana Júlia e Simão Jatene) e rivalizavam com outra família detentora de outro império de comunicação: a família Maiorana, hoje comprada a peso de ouro com verbas publicitárias abundantes e contando com uma cota no governo do estado: O comando da OS Pará 2000, responsável pela administração do Hangar, Estação das Docas, Mangal das Garças, Arena multiuso Guilherme Paraense – Mangueirinho, Carajás – Centro de Convenções e o Parque Estadual do Utinga.
MUITO DINHEIRO PÚBLICO E POUCO RETORNO AO PÚBLICO
Sob ordens de um aperto fiscal rigoroso, cobrando impostos e não abrindo mão de fazer com que os órgãos arrecadadores, como o DETRAN e a SEFA, atuem na busca de recursos tributários e multas, o Pará foi o estado brasileiro que mais arrecadou, com alta de 11,08%. Mesmo assim, servidores públicos reclamam do governo estadual pela falta de reajustes salarias, principalmente pela falta de um Plano de Cargos e Carreira e o pagamento (mínimo) do Piso Salarial de diversas categorias, ser um dos mais baixos do país.
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O EQUIPAMENTO ENCAIXOTADO POR FALTA DE UMA SALA HOSPITALAR
Ao ser eleito governador, Helder Barbalho recebeu um equipamento que na época custava cerca de 6 milhões de reais e seu uso era reinvindicado por médicos especialistas no tratamento de pacientes de Câncer.
O equipamento possibilita o exame Pet-Scan, conhecido também pelo nome Pet-CT. Trata-se de um exame de diagnóstico por imagem (PET e CT) que quando realizados em conjunto são muito eficientes na detecção de cânceres, doenças do coração e problemas neurológicos.
Pois mesmo com tamanha importância e já comprado pelo governo, através de uma emenda parlamentar, o equipamento passou os quatro anos do primeiro governo de Helder Barbalho encaixotado.
Em matéria de Julho do ano passado, o sindicato dos Médicos cobrou o governo com a seguinte posição:
O Sindmepa informa que consultou autoridades de saúde do estado sendo informado que a instalação do equipamento depende de realização de uma obra de adaptação no setor de medicina nuclear para abrigar o equipamento. E que a realização da obra depende de verba a ser repassada pela Secretaria de Obras do Pará (Sedop).
Apesar de anos de insistência dos profissionais e fiscais da unidade para a instalação do aparelho, até agora não se tem notícias de efetiva instalação do equipamento. O pet-Scan é considerado uma das tecnologias mais modernas para diagnosticar e acompanhar a presença e a progressão do câncer. Foi adquirido pelo Hospital Ophir Loyola em 2019 pelo valor de R$ 6 milhões, segundo o blog.
O Sindmepa reafirma sua preocupação com o bom uso do dinheiro público e vai continuar cobrando das autoridades competentes responsabilidade e transparência nas ações. O equipamento encaixotado no Hospital Ophir Loyola é o único Pet-Scan de propriedade de um hospital público no estado e precisa ser instalado o quanto antes para cumprir sua missão de ajudar a salvar vidas. É uma irresponsabilidade a demora na instalação de equipamento tão caro e importante para a saúde da população”.
A justificativa da Secretaria de Obras do Estado – SEOP é de que para ser colocado em funcionamento nas dependências do Hospital Ophir Loyola, seria necessário a construção de uma sala, mas mesmo com as denúncias e sob protestos do jornalista Lúcio Flávio Pinto, que mobilizou o Sindicato dos Médicos do Pará, o governador foi capaz de se sensibilizar e tomar uma postura digna de um administrador público e colocar seus assessores para trabalhar, colocando o equipamento para funcionar, o qual já deveria estar salvando vidas, mas encontra-se em um almoxarifado empoeirado.
Antes de terminar este artigo, vale lembrar que o valor gasto com o Pet-Scan foi o mesmo que o governo do Pará destinou para a compra de um equipamento de espionagem, no valor de 6 milhões de reais e que a Polícia Federal apreendeu, em uma de suas “batidas” realizada no primeiro mandato, daquele que se auto-intitulou como “rei do norte”.
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